Sabemos que, no nosso corpo, cada órgão ocupa o seu espaço. Ou seja, o estômago fica próximo do intestino e o coração fica à frente do pulmão. Porém, não podemos esquecer que ele também tem uma dimensão temporal. Isto quer dizer que em determinados horários sentimos fome ou que o nosso cérebro indica a hora que devemos dormir ou despertar. Além disso, há também os ritmos que se repetem em intervalos de aproximadamente um mês, como o ciclo menstrual entre as mulheres, e os mais longos, como as estações do ano.
Esses ritmos biológicos são regulados pelo relógio biológico (localizado no sistema nervoso) e precisam estar afinados como uma orquestra, para nos proporcionar plenas condições de saúde. Quando há uma mudança repentina de horário, existe uma alteração na sincronização entre o relógio interno com os estímulos externos, como luz, som e temperatura. ?Isso pode levar à fadiga, estresse, alterações gastrointestinais, sonolência diurna e alterações no humor?, alerta o neurologista Henry Koiti Sato.
Ciclos do sono
Desregular esse tempo biológico faz com que o cérebro seja obrigado a produzir outras reações para se reprogramar. Esses ritmos não mudam de imediato. Assim como o organismo não está preparado para dormir de dia, também não está adaptado para acordar no escuro da madrugada. As pessoas cujo estilo de vida implique grande irregularidade de horários por longos períodos de tempo estão sujeitas a problemas de saúde.
O relógio biológico tem certa maleabilidade, de forma que a maioria das pessoas tolera mudanças eventuais nos horários de dormir, se alimentar e trabalhar, desde que sejam por períodos curtos. Muitas pessoas se sentem mal com o início do novo horário por conta da interrupção de um dos ciclos de sono. Um adulto normal tem de quatro a cinco ciclos de sono por noite. ?Com o adiantamento, o último ciclo de sono pode ser interrompido pela metade, passando, portanto, a se tornar ineficaz quanto a sua função fisiológica?, explica o neurologista Pedro Kowacs.
Para evitar esses contratempos, o professor do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fernando Louzada diz que somos obrigados a informar ao relógio biológico que o dia tem que começar uma hora mais cedo. Aumentar a exposição à luz nas primeiras horas do dia é a alternativa mais indicada. ?Muitas vezes isso é um problema, pois as pessoas são obrigadas a acordar antes de o dia nascer. Nesse caso, acender as luzes pela manhã para deixar a casa mais iluminada pode ajudar?, completa.
Para acertar os ponteiros
Para quem sofre com a mudança repentina de horário, algumas dicas de adaptação:
* Dormir uma hora mais cedo na noite anterior à mudança.
* Apagar completamente as luzes na hora de dormir.
* Acender as luzes ao acordar de manhã.
* Não assistir televisão até mais tarde.
* Utilizar ao máximo a luz natural.
* Evitar alimentos gordurosos durante a noite.
* Moderar o uso de bebidas alcoólicas.