O medo de permanecer em lugares fechados

A sensação não é das mais agradáveis. Tudo começa com o ressecamento da garganta. Em seguida, o coração dispara, a respiração fica ofegante e as pernas, trêmulas. Por fim, a pessoa transpira como se estivesse em perigo. O motivo para tanta angústia pode ser alguns segundos atravessando um túnel escuro, minutos num elevador ou horas a bordo de um avião.

Isso acontece com o representante comercial Luciano Donizetti Pontes, que não gosta nem de lembrar que já sofreu de claustrofobia. Ele conta que a fobia faz parte da sua vida desde que ele era criança. ?Sentia-me mal só de brincarem de tampar meu rosto?, confessa. Mesmo depois de passar por um tratamento, há dois anos se mudou para o oitavo andar de um prédio, precisou de uma boa dose de paciência e respiração presa para se acostumar com o sobe-desce dentro daquela ?caixa de horrores?.

Também, há alguns meses, a modelo Gisele Bündchen declarou que teve a doença e que o problema surgiu em uma viagem no meio de uma tempestade a bordo de um pequeno avião. Ela comentou que a situação foi desesperadora e que ficou alguns dias com medo de permanecer em lugares fechados. A psicóloga Jussara Benatti tem dúvidas se o que a modelo teve foi mesmo claustrofobia. ?Normalmente, essa fobia não se caracteriza por ser um trauma passageiro, podendo perdurar durante toda a vida?, reconhece.

Medo irracional

Apesar disso, a especialista ressalta que a fobia pode aparecer em graus diferentes e, que, nos casos mais graves, o paciente deve ser estimulado a procurar ajuda médica. Especialistas avisam que existe tratamento para quem sofre desse tipo de fobia. Uma das técnicas consiste no enfrentamento gradual dos estímulos que provocam esse medo irracional na pessoa. O processo inclui técnicas de relaxamento e a exposição às situações que remetam àquela fobia, como filmes e relatos de casos.

Para a psiquiatra Vera Lemgruber, o medo é um sentimento natural e tem lá o seu lado positivo. O problema começa quando o medo se torna incapacitante e interfere no convívio social. ?Nesses casos, o ideal é fazer com que a pessoa aprenda a lidar com seus medos de forma racional", esclarece. Cerca de 10% da população sofre com um ou mais tipos de fobias. Na maioria das vezes, são pessoas inteligentes, esclarecidas e responsáveis. Conforme a especialista, no ambiente de trabalho, se pode perceber diversas fobias, como medo de falar diante dos outros, da imperfeição, das mudanças, de utilizar escadas ou elevador, e até mesmo de computador.

De acordo com a psicóloga Leila Tardivo, a diferença entre o medo e a fobia é a existência de fantasias, ou seja, quando não há um perigo real. ?Se a pessoa for bem estruturada e emocionalmente madura, ela pode superar a situação de trauma sem maiores problemas?, admite. Os especialistas concordam que a cura da claustrofobia não é uma tarefa fácil. A saída é encarar o problema ?de frente?. A duração do tratamento psicológico, associado às medicações, varia de acordo com o grau da fobia e da adesão do paciente.

OLHO: As fobias são caracterizadas por um medo intenso, muitas vezes injustificado, podendo apresentar sintomas físicos e psicológicos que trazem prejuízos ao convívio social.

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