O lado ruim da prática esportiva

Nem só de glamour vive um atleta profissional. O dia-a-dia dos treinos e competições exigem muita superação e perseverança.

Recheada de sacrifícios, contusões e incertezas, é uma rotina muito dura, em que poucos conseguem se manter preparados por todo o tempo em que permanece na atividade.

A cada treino ou competição surge uma importante preocupação entre os atletas: evitar lesões.

Elas tanto podem ser causadas por atividades inerentes ao esporte quanto por métodos inadequados de treinamento. Também fazem parte dos “inimigos” das lesões em atletas, o desgaste crônico causado por movimentos repetitivos, anomalias estruturais que forçam determinadas partes do corpo, fragilidade dos músculos, tendões e ligamentos.

Para o especialista em medicina esportiva Moisés Cohen, o aumento da competitividade e do vigor exigido nas competições é responsável pelo maior número de casos de lesões sérias entre atletas profissionais, e também amadores.

Dentre as lesões esportivas mais comuns, causadas por diversas atividades, estão as fraturas por estresse (sobrecarga), as dores dos músculos anteriores da tíbia, a tendinite, o joelho do corredor, as lesões dos músculos posteriores da coxa, a dorsalgia (dor nas costas) no levantador de peso, o cotovelo de tenista, os traumatismos crânioencefálicos e as lesões nos pés.

De acordo com Cohen, em muitos casos as lesões são decorrentes da sobrecarga. “Às vezes, o atleta não é bem orientado, outras não segue as orientações dos preparadores”, constata o médico.

Medicina esportiva

Para se ter uma idéia da importância de um planejamento que contemple a prevenção de lesões, o ortopedista Lucio Ernlund observa que um jogador de futebol profissional fica, em média, 30 dias por ano sem poder praticar a atividade devido a contusões.

As lesões podem ser traumáticas – como fraturas e rompimento de ligamentos – ou por sobrecarga – como tendinites e lesões musculares. “As lesões traumáticas são as mais difíceis de serem prevenidas”, reconhece.

Para Moisés Cohen, a medicina esportiva tem vital importância na preparação e desenvolvimento do atleta, seja ele profissional ou não. “É o médico quem deve determinar qual a situação ideal para o esportista obter um bom rendimento em uma competição, além de ajudá-lo na hora de prevenir futuras lesões ou problemas na musculatura”, lembrando que outra função exclusiva do médico especialista em esportes é atuar na reabilitação de contusões ou lesões esportivas.

Sem dor

Para que esses contratempos não aconteçam, algumas medidas preventivas podem ser tomadas, como um “caprichado” alongamento antes dos exercícios físicos, que tornam os músculos mais flexíveis e resistentes a lesões.

Outra medida importante é a alternância de atividades e intervalos entre os treinamentos intensivos, como fazem os halterofilistas, por exemplo. No entanto, caso as medidas preventivas não sejam suficientes para evitar certas lesões, o tratamento pode começar a ser realizado imediatamente após a lesão esportiva, consiste no repouso, na aplicação de gelo, na compressão do local doloroso e no uso de antinflamatórios.

O especialista alerta para que o atleta abandone o exercício imediatamente quando sentir dor em qualquer parte do corpo, sob o risco de causar ainda mais danos à área afetada.

“A atividade ou esporte que cause a dor deve ser evitado até que a recuperação seja completa”, orienta. Hoje em dia, o atleta profissional sofre com a carga de treinamentos e o atleta de fim de semana sofre com a falta de condicionamento físico, que é um fator de sobrecarga diária que compromete o rendimento e potencializa a lesão.