O jovem brasileiro e o consumo de álcool

O aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens e o fato de que se começa a beber cada vez mais cedo têm chamado a atenção da mídia e das autoridades.

Além de tragédias, como a da universitária morta em um cruzeiro em decorrência do excesso de álcool, no final do ano passado, ou de acidentes de carro fatais envolvendo grupos de jovens que abusam das bebidas, vários estudos indicam que o hábito de beber desenvolvido precocemente pode causar danos ao cérebro e está fortemente associado a problemas de convívio em sociedade na idade adulta.

Diante desse quadro, o projeto “Este Jovem Brasileiro”, desenvolvido pelo Portal Educacional para entender o comportamento dos jovens e refletir, junto com eles, sobre assuntos cruciais para sua vida, escolheu o alcoolismo como tema de sua edição 2009.

O álcool é uma droga socialmente aceita, o que dificulta a conscientização do jovem e a discussão do tema. O projeto, coordenado pelo psiquiatra Jairo Bouer, teve como objetivo compreender a relação dos jovens com as bebidas e estimular ações educativas que ajudem a minimizar comportamentos de risco.

Fatores de proteção

A pesquisa contou com a participação de quase 12 mil alunos de 13 a 18 anos, de 96 escolas particulares de várias cidades do Brasil, que responderam anonimamente a um questionário online.

Os resultados revelam que alguns grupos podem ter maior predisposição a ter problemas com o consumo de bebida: filhos de pais que nunca viveram juntos, jovens que têm relação ruim ou péssima em casa, famílias em que pai e mãe bebem demais, jovens e famílias que não seguem uma religião, alunos com desempenho péssimo na escola e que faltam demais às aulas.

Cigarro, maconha e outras drogas também estão associados a um padrão de consumo mais frequente e pesado de álcool. Já alguns dados aparecem como “fatores de proteção” ao consumo mais pesado: ter uma relação boa ou ótima dentro de casa, ter pai e mãe que não bebem muito, seguir uma religião e praticar uma atividade física moderada.

A pesquisa confirma os estudos feitos sobre consumo de álcool entre os jovens no Brasil e no mundo e aponta para a necessidade de se discutir essas questões de uma forma mais séria, mas ao mesmo tempo mais dinâmica, dentro e fora da escola.

“É fundamental que o jovem participe ativamente dessa discussão”, comenta Jairo Bouer, salientando que ele precisa entender os riscos e impactos do consumo abusivo de álcool e aprender a se relacionar com a bebida de uma forma mais saudável.

O jovem brasileiro e o álcool

* O primeiro contato com a bebida tem acontecido muito cedo. Com menos de 13 anos, 37% já beberam alguma vez; aos 13 anos, 50% já tiveram contato com o álcool; aos 14 anos, 64%; aos 15 anos, 76%; aos 16, 80% e acima de 16 anos, 84%.

* A situação familiar tem uma influência significativa no modo como o jovem se relaciona com o álcool. Entre aqueles cujos pais vivem juntos, 50% consomem apenas uma dose, 25% de 2 a 3 doses, 10% de 4 a 5 e 12% mais do que 5 doses; nos casos em que um ou os dois país já morreram, 23% consomem mais do que 5 doses; e entre os jovens cujos pais nunca viveram juntos, 30% bebem mais do que 5 doses de bebidas alcoólicas.

* O comportamento em casa também influencia no hábito de beber. Quem diz ter uma ótima ou boa relação em casa consome menos álcool (56% e 50% param na primeira dose, respectivamente). Já entre quem define a relação em casa como péssima, 56% consomem mais de 5 doses.

* Seguir uma religião também faz muita diferença. Entre os jovens que respondem que a religião é fundamental em sua vida, 58% toma somente uma dose e só 10% vai além de cinco doses.

* Garotos e garotas começam a beber de forma semelhante. No entanto, nos padrões mais pesados e mais frequentes, ainda há um predomínio masculino. Eles consomem mais doses por vez e “tomam porres” com maior frequência.

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