O homem ?descobre? a vasectomia

Homem casado, com mais de 30 anos, com relacionamento conjugal estável, que já tenha filhos e que, decididamente, não pretenda ser pai novamente. Este é o perfil do candidato ideal para se submeter a uma vasectomia, um dos métodos de contracepção mais seguros e, ao mesmo tempo, o que causa maior resistência entre os brasileiros. Isso porque, desinformadamente, eles se recusam a fazer a cirurgia, imaginando que ela possa provocar distúrbios de ereção. ?A vasectomia torna o homem estéril, mas não interfere na produção de hormônios masculinos, nem em seu desempenho sexual?, assegura o urologista Ricardo de La Roca, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

?A vasectomia é uma cirurgia muito simples, barata e rápida?, esclarece o urologista Manoel Antônio Guimarães, professor de urologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. O médico explica que é feita uma secção no deferente – o canal responsável por transportar os espermatozóides. ?Depois da cirurgia, o indivíduo está liberado para voltar para casa e retomar suas atividades com alguns cuidados, como não carregar peso, por exemplo?, comenta Guimarães.

Depois de dois meses, quem fez vasectomia deve obrigatoriamente fazer um espermograma, já que a possibilidade de gravidez ainda existe, pois os espermatozóides podem não ter se esgotado. Até lá, o paciente pode voltar a ter relações sexuais tão logo sinta vontade, mas deve ser usado outro método preventivo para se evitar uma gravidez indesejada.

Menor custo

Ricardo de La Roca salienta que a cirurgia não altera a produção, nem a quantidade de líquido seminal, produzido na próstata e na vesícula seminal, que continua sendo eliminado normalmente durante a ejaculação, apenas não apresentando o espermatozóide, que se degenera e é reabsorvido pelo próprio organismo. ?Em alguns casos, ele se torna um pouco mais fluido do que o esperma normal, mas isso não é sequer percebido”, comenta de La Roca.

Manoel Guimarães lembra que o custo de uma vasectomia é menor do que os gastos com uma laqueadura nas mulheres. Por isso, o método deve se tornar ainda mais popularizado. Algumas estatísticas dão conta de que a escolha da técnica está em crescimento, mas na maioria dos casos devido a problemas com a saúde da mulher. Uma preocupação externada por Guimarães diz respeito à displicência entre os homens quanto ao uso de preservativos após a vasectomia. ?O método é somente contraceptivo, não afastando o risco do contágio de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a aids?, adverte.

Ereção normal

Um dos maiores tabus associados à vasectomia se refere à função erétil ou potência sexual. Nesse quesito, a técnica não exerce nenhuma influência, já que os nervos e vasos responsáveis pela ereção peniana não são envolvidos na cirurgia. Além disso, a vasectomia pode ser revertida. Se a reversão for feita três ou quatro anos depois da vasectomia, em cerca de 70% dos casos existe a chance de a mulher engravidar. À medida que o tempo passa, podem surgir obstruções, complicando a cirurgia. Com efeito, o índice de gravidez cai com o tempo. Dez anos depois de feita a vasectomia, a probabilidade de gravidez oscila entre 30% e 40%.

Ao se optar pela vasectomia, os candidatos são informados pelos especialistas que essa opção deve ser escolhida como procedimento definitivo, já que a possibilidade de reversão existe, mas não é garantida. Uma opção cada vez mais utilizada é colher os espermatozóides antes da cirurgia e congelá-los. No caso de algum fato novo surgir, pode-se realizar uma fertilização in vitro e se obter uma nova gravidez.

SEM DÚVIDAS

– A vasectomia é uma cirurgia simples, ambulatorial (não precisa de internação), feita com anestesia local, em que o paciente sai andando.

– Os espermatozóides se transformam em corpos estranhos e se enfraquecem, tornando o indivíduo estéril.

– Existem algumas possibilidades da reversão da vasectomia, porém quanto mais tempo passar da operação, menos chances de que o homem volte a ser fértil.

– Em relação ao pênis, tudo continua normal. O homem tem desejo, ereção, ejaculação e prazer do mesmo jeito que anteriormente à cirurgia.

– O principal cuidado que o paciente precisa ter para garantir o êxito total da cirurgia é com as suas primeiras ejaculações pós-operatórias. É preciso esperar aproximadamente dois meses para se confirmar o sucesso da cirurgia.

– Todas as pesquisas realizadas até o momento não revelaram o aumento ou o aparecimento de qualquer doença nos homens que passaram pela vasectomia, inclusive em relação ao câncer de próstata.

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