ms02011106.jpgAlém da bulimia e anorexia, acha-se em estudo uma terceira categoria comum de transtorno alimentar: o transtorno do comer compulsivo (binge-eating disorder), onde os pacientes apresentam episódios de voracidade fágica, mas sem se utilizarem de métodos purgativos depois, como acontece na bulimia nervosa. Nesse tipo de transtorno também não há preocupação exagerada e irracional com o peso e a forma do corpo, assim como acontece na bulimia e na anorexia.

continua após a publicidade

Esses indivíduos são, na maioria das vezes, obesos, sendo que o transtorno acomete três mulheres para cada dois homens. As pessoas com o transtorno apresentam freqüentes crises, durante as quais sentem que não podem parar de comer.  Comem depressa e às escondidas, ou comem durante todo o dia. Apesar dessas pessoas se sentirem envergonhadas e culpadas por sua falta de controle, elas não apresentam atitudes compensatórias (vômito, laxantes, etc.) típicas dos pacientes com bulimia.

Normalmente elas têm um histórico emocional de fracassos em diversas dietas e regimes para emagrecimento.  São pessoas depressivas, angustiadas, com baixa de auto-estima, infelizes e que sofrem muito com suas carências sem encontrar recursos emocionais para solucioná-las. Um dado importante é que esse sofrimento, muitas vezes, não é evidente para quem convive com este tipo de pessoa, pois uma de suas melhores habilidades é esconder o que sente, não por não gostar de se expor, mas por não ter para quem se expor.

Para que possamos considerar um ataque do comer compulsivo autêntico, necessitamos que três dos seguintes indicadores estejam presentes: comer muito mais rápido do que o normal, comer até se sentir profundamente empanturrado, comer grandes quantidades de comida sem qualquer fome, comer sozinho e sentir vergonha da quantidade e, por último, sentir-se culpado e/ou deprimido depois dos episódios.

continua após a publicidade

Esse tipo de transtorno é muito comum e alguns indivíduos acabam achando que isso acontece porque seu corpo se ?desregulou?, mas, na verdade, são seus recursos emocionais que precisam ser desenvolvidos ou atualizados. Normalmente, este indivíduo atenta contra si mesmo não somente com os ataques compulsivos, mas permitindo todo tipo de invasão à sua integridade emocional,  quando não respeita seus limites ou não os reconhece.

Não respeitar os próprios limites e ignorar as vontades e necessidades são ultrajes que normalmente as pessoas cometem contra si e, sem dúvida, essas atitudes podem desencadear problemas graves, e a obesidade e a compulsão são bons exemplos. Um transtorno alimentar é algo preocupante que deve ser cuidado e não pode ser interpretado como uma condição da qual a pessoa faz uso para ?chamar a atenção?, ou não tem controle porque gosta de comer mesmo, por isso tem sobrepeso. Quem sofre desta doença precisa de ajuda qualificada, ou seja, médicos, psicólogos e nutricionistas que irão auxiliar a pessoa no caminho para readquirir sua saúde emocional e física.

Silvana Martani, psicóloga.

continua após a publicidade