O especialista: Não existe medicina sem médico

ms02181006.jpgComo tem sido tradição nas últimas duas décadas, anualmente o Conselho Regional de Medicina do Paraná presta homenagem aos médicos que completam 50 anos de exercício profissional com um histórico ético exemplar, o que significa ter tido sempre uma conduta ilibada, efetivamente comungada aos princípios hipocráticos. A entrega do Diploma de Mérito Ético-Profissional ocorre sempre em meios às comemorações do Dia do Médico, consagrado em 18 de outubro. É uma forma de reverenciar toda a classe médica sob o espelho de um seleto grupo que, de fato, dignifica e valoriza a profissão.

Este ano, teremos 30 ilustres colegas recebendo o reconhecimento da entidade que tem a missão de fiscalizar a boa prática da medicina em defesa da sociedade. Uma homenagem que nos faz, a todos, sentir honrados em ser médicos e em tê-los como referencial a estimular os mais jovens a seguirem a mesma trajetória. Legado para a atual e as futuras gerações de médicos.

Há de se reconhecer que erros existem, mas a grande maioria dos médicos exercita o seu dever com denodo, tenacidade e atualização, visando sempre o benefício de seu paciente. Ainda que a tecnologia avance de forma incontrolável, a presença do médico é relevante para amparar e cuidar do seu semelhante.

A profissão médica é diferente das demais e não há aí uma tentativa de nos engrandecermos ou um ato de prepotência. O médico é singular, pois acima de tudo tem a função de tratar seus pacientes sem discriminação, atendendo-os com atitude de piedade, zelo, carinho e, sobretudo, buscando mitigar a dor e superar os obstáculos que agridem o bem-estar dos assistidos. Não por acaso, pesquisas públicas que se sucedem continuam a apontar o médico, enquanto instituição representativa da sociedade, como o detentor do maior índice de credibilidade.

Se hoje temos a reconhecer o árduo trabalho empreendido por um grupo que festeja o seu Jubileu de Ouro, igualmente devemos cumprir a nossa obrigação de alertar a sociedade sobre os riscos hoje presentes na formação de nossos médicos, a começar pela proliferação incontrolável de escolas descompromissadas com necessidades sociais e qualidade. O Brasil é líder mundial de cursos de Medicina. Temos já 159, três deles abertos este ano, e que se somam a 13 abertos em 2005 e mais 12 em 2004. As vagas somam 14.428, sendo 672 no Paraná, estado que se vê pressionado para a abertura de quase 10 escolas em pontos diferentes de seu território. O Brasil tem 186 milhões de habitantes. A China tem 1,306 bilhão e 150 escolas. A Índia tem 1,08 bilhão e 140, enquanto os Estados Unidos 295 milhões de habitantes e 125 escolas.

A questão não é só conter o número, mas fiscalizar a qualidade das escolas que existem. Precisamos detectar deficiências e melhorar a formação. O superior interesse da comunidade é a obtenção do melhor atendimento e por gente qualificada. A qualidade do médico dá a primeira resposta e, tendo a saúde como direito de todos, entendemos que não existe medicina sem médico e que o mau serviço prejudica a vida e o bem-estar do cidadão. Parabéns aos médicos paranaenses!

Hélcio Bertolozzi Sores, presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná.

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