No dia 7 de julho, durante a conferência que farei em São Paulo a convite dos organizadores do 32.º Gastrão – Curso de Atualização em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia -, terei a oportunidade de apresentar aos cerca de mil especialistas ali reunidos uma ampla análise sobre o atual estágio do transplante de fígado no Brasil, no que se refere aos seus aspectos técnicos e resultados obtidos.
Posso antecipar que, sem dúvida, o crescimento exponencial do número de transplantes de fígado nos hospitais brasileiros nesses últimos anos resulta, de um lado, pela implantação da lei federal que veio regulamentar a doação de órgãos. Por outro, da participação ativa do Sistema Único de Saúde (SUS) na compra e distribuição dos medicamentos necessários ao tratamento e à recuperação dos pacientes transplantados. Além disso, registramos que a maior agilidade nas centrais estaduais de captação de órgãos têm contribuído decisivamente para a obtenção de melhores resultados nos transplantes de fígado. Hoje a taxa média de sobrevida dos pacientes situa-se em 75%, índice muito acima do obtido apenas uma década atrás.
A qualidade de vida dos pacientes beneficiados por essa modalidade de transplante melhora substancialmente. A maioria deles torna a ter uma vida normal, inclusive voltando a trabalhar, praticar esportes e estudar. As crianças apresentam crescimento normal e os adultos recuperam, inclusive, a vida sexual, podendo novamente ter filhos.
Vale destacar que mais de 30% dos transplantes de fígado no país são realizados na tentativa de salvar a vida de pessoas vitimadas pela cirrose causada pelo vírus da hepatite C.
Dr. Júlio Coelho, professor titular e chefe do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.