O especialista: Mil transplantes

maissaude1.jpgOs transplantes de fígado no Brasil têm avançado significativamente nos últimos oito anos, período em que o número dessas cirurgias cresceu entre 25% e 30% por ano. Para 2005, está prevista a realização da importante marca de mil transplantes hepáticos no País – 10% dos quais serão feitos aqui no Estado do Paraná. Trata-se de um volume impressionante de sofisticadas, delicadas e caras cirurgias. Elas representam a única esperança de sobrevivência para milhares de pacientes que sofrem de doenças crônicas do fígado e que dependem, em 80% dos casos, da doação e retirada do fígado de pessoas com morte encefálica.

No dia 7 de julho, durante a conferência que farei em São Paulo a convite dos organizadores do 32.º Gastrão – Curso de Atualização em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia -, terei a oportunidade de apresentar aos cerca de mil especialistas ali reunidos uma ampla análise sobre o atual estágio do transplante de fígado no Brasil, no que se refere aos seus aspectos técnicos e resultados obtidos.

Posso antecipar que, sem dúvida, o crescimento exponencial do número de transplantes de fígado nos hospitais brasileiros nesses últimos anos resulta, de um lado, pela implantação da lei federal que veio regulamentar a doação de órgãos. Por outro, da participação ativa do Sistema Único de Saúde (SUS) na compra e distribuição dos medicamentos necessários ao tratamento e à recuperação dos pacientes transplantados. Além disso, registramos que a maior agilidade nas centrais estaduais de captação de órgãos têm contribuído decisivamente para a obtenção de melhores resultados nos transplantes de fígado. Hoje a taxa média de sobrevida dos pacientes situa-se em 75%, índice muito acima do obtido apenas uma década atrás.

A qualidade de vida dos pacientes beneficiados por essa modalidade de transplante melhora substancialmente. A maioria deles torna a ter uma vida normal, inclusive voltando a trabalhar, praticar esportes e estudar. As crianças apresentam crescimento normal e os adultos recuperam, inclusive, a vida sexual, podendo novamente ter filhos.

Vale destacar que mais de 30% dos transplantes de fígado no país são realizados na tentativa de salvar a vida de pessoas vitimadas pela cirrose causada pelo vírus da hepatite C.

Dr. Júlio Coelho, professor titular e chefe do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

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