Não é difícil contrairmos uma dessas infecções. Diariamente, respiramos 10 mil litros de ar. Por conta disso, estamos expostos a todo tipo de vírus e bactérias, que podem se instalar no aparelho respiratório. Como são muitos os agentes, diagnosticar a doença respiratória não é tarefa fácil, já que pode ser causada tanto por vírus quanto por bactérias.
Apesar da dificuldade em se descobrir a causa, são consideradas, equivocadamente, doenças comuns, o que torna a automedicação muito freqüente. Chazinhos e inalação caseiros, mel com limão, analgésicos, antitérmicos, descongestionantes nasais, entre uma infinidade de opções vendidas sem prescrição médica, são consumidos sem qualquer preocupação. Resultado: a doença se agrava e somente nesse momento o médico é procurado.
Dados estatísticos do Ministério da Saúde mostram que, em 2003, 15% das internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde ? foram motivadas por infecções respiratórias, atrás somente dos casos de gravidez.
Devido ao difícil diagnóstico da causa, e também por falta de opção de tratamento, entram em cena os antibióticos, indicados unicamente para as infecções bacterianas. O que nos preocupa é o fato de muitas pessoas se automedicarem com antibiótico, o que não vai funcionar para as infecções provocadas por vírus. O uso indevido e incorreto do remédio, visto que a maioria das pessoas interrompe a medicação quando se sente melhor, pode provocar resistência, dificultando o tratamento de uma infecção bacteriana.
Hoje, já existe no Brasil uma alternativa de prescrição para infecções virais, baseada em um fitomedicamento – extraído da raiz de planta originária do sul da África. A nova terapia reduz rapidamente a intensidade dos sintomas e diminui o tempo da doença. Deve-se, porém, analisar o diagnóstico com cautela, pois o medicamento não substitui o uso de antibióticos em caso de infecção bacteriana.
O diagnóstico detalhado é fundamental para garantir o tratamento adequado para cada tipo de infecção, a fim de se evitar o uso incorreto e desnecessário de antibióticos. Além disso, o médico deve sempre alertar os pacientes sobre os perigos da automedicação.
Clystenes Odyr Silva, professor de pneumologia da Universidade Federal de São Paulo ? UNIFESP