O crescente número de diagnósticos psiquiátricos torna o debate sobre o assunto uma questão essencial. Existe, na verdade, um excesso de diagnósticos superficiais e não essenciais. O que falta é o diagnóstico primário, ou seja, aquele que investiga a essência da personalidade do indivíduo. Por exemplo: uma pessoa muito metódica, certinha desde a infância, tenderá na vida adulta a ser uma pessoa que sob estresse pode desenvolver algum tipo de transtorno obsessivo compulsivo, uma vez que a sua personalidade é pouco flexível e com um grau de exigência muito grande consigo mesma e com os outros também. A psiquiatria atual se preocupa muito com a patologia em si e acaba por esquecer a personalidade da pessoa que adoece. É uma visão limitada e restrita da doença e não ao ?ser? que adoece. Esse ser, na realidade, é o somatório de tudo que ele herdou geneticamente mais todos os aspectos sociais, culturais, familiares e vitais aos quais ele foi submetido.

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Dessa maneira, vemos que a psiquiatria atual tende a desprezaz o indivíduo e valorizar a doença. Não podemos esquecer que a nossa personalidade apresenta fatores positivos que devemos valorizar e negativos que devemos administrar da melhor forma possível, fazendo com que a sua existência seja potencializada naquilo que apresenta de melhor para si e para a sociedade.

O excesso de diagnósticos acaba acontecendo por causa dessa visão limitada do ser individual. Uma pessoa não é a doença que ela apresenta, e sim uma personalidade, com características peculiares, que poderá adoecer de acordo com seu funcionamento mental. O mais importante a destacar nesse aspecto é que o adoecimento mental não é uma questão qualitativa e sim quantitativa, ou seja, todos nós temos, em determinado grau, aspectos das doenças mentais, no entanto a ?doença? só pode ser considerada quando pensamentos negativos, ou culpados, afligem em determinado grau que limita e traz transtornos significativos na vida do indivíduo, seja nos seus mais diversos setores: social, afetivo, familiar ou profissional. A genética (carga hereditária) é um jogo de probabilidades, e não de fatalidade, ou seja, para que aspectos negativos se manifestem de forma significativa nas pessoas há de existir um ?gatilho? que os acione, e este gatilho é o próprio estresse, principalmente aquele que tende a persistir no dia-a-dia.

Ana Beatriz Barbosa Silva, especialista em Medicina do Comportamento e autora do best-seller ?Mentes Inquietas?.

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