O especialista: Conhecer para prevenir

especialista020306.jpgA ciência vem caminhando a passos largos para trazer à humanidade mais qualidade de vida. Apesar da indiscutível evolução da cardiologia nas últimas décadas, com o desenvolvimento de tecnologias para a detecção precoce das doenças, o advento da biologia molecular e engenharia genética, o conhecimento mais detalhado da fisiologia e da fisiopatologia, novos medicamentos e tratamentos menos agressivos para as patologias do coração, a taxa de mortalidade por doenças cardíacas continua elevada.

Mesmo levando-se em conta que a população vive mais e com isso tem mais ?tempo” para desenvolver essas doenças, cabe, ainda, enfatizarmos a importância e a relevância dos chamados fatores de risco. Podemos dizer que são aqueles elementos que, estatisticamente, contribuem para a instalação da doença arterial coronariana. Com base nesse conceito, começamos a avaliação individual do risco global, interagindo com o paciente e orientando sobre os seus fatores de risco.

Existem vários fatores de risco e inúmeras classificações são encontradas na literatura médica e leiga. A imprensa tem focado esse assunto com muita freqüência, visto o interesse crescente da população na prevenção e na busca diária de uma vida mais sadia.

Em uma classificação básica e aceita pela Sociedade Brasileira de Cardiologia podemos dividir os fatores de risco em não modificáveis, modificáveis e parcialmente modificáveis.

Os não modificáveis: idade e sexo (a doença coronariana é 3 a 4 vezes mais freqüente nos homens do que nas mulheres até os 55 anos de idade).

Atualmente já se sabe que nas mulheres após os 45 anos o aumento do risco é inquestionável. Aos 75 anos, praticamente se igualam. A história familiar da pessoa também exerce forte influência, por exemplo, um parente cardiopata, de primeiro grau, aumenta o risco em até 15%; dois ou mais, esse risco chega a aumentar em até 53%.

Dentre os fatores modificáveis estão a dislipidemia – principalmente com o aumento do colesterol total; o diabetes (fator contínuo, aumentando o risco de doença coronariana de duas a quatro vezes); tabagismo ? o único fator totalmente modificável, que faz aumentar a mortalidade por doença coronariana em até 50%; o sedentarismo, já que a atividade física rotineira diminui em até 8 vezes o risco; a hipertensão arterial, fator que triplica com a pressão arterial permanentemente elevada e principal causa de derrames cerebrais (AVCs) e infartos. Quando tratada a hipertensão, o seu risco para tais doenças diminui de 15 a 40%; a obesidade; e o estresse ? um “gatilho” associado a diversos outros fatores.

Entre os fatores parcialmente modificáveis estão o HDL baixo (bom colesterol), a homocisteína, o fibrinogênio e a polipoproteína A – índices avaliados nos exames de sangue que podem ser controláveis por dieta e mudança de hábitos de vida associados à medicação.

Todas essas informações, apesar de parecerem alarmantes, formam um conjunto de fatores que de alguma forma dependem do conhecimento e atitude pessoal frente aos mesmos. Conhecendo os mecanismos desencadeantes das doenças cardíacas podemos tratá-los e certamente evitá-los.

Lise de Oliveira Bocchino, chefe do serviço de cardiologia do Hospital Pilar.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo