O delirium se caracteriza por episódios de agitação agudos, que acometem principalmente os idosos. Pela sua complexidade de sinais e sintomas é um dos maiores desafios para a classe médica. Como conseqüência, o mal faz com que um número exagerado de medicamentos seja indicado, muitas vezes de forma precipitada e nem sempre efetiva, trazendo resultados, muitas vezes, desastrosos para o paciente.
Segundo o chefe do Serviço de Geriatria do Hospital Universitário Cajuru, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Gilmar Calixto, o delirium é uma síndrome aguda, muitas vezes transitória, em que se percebem rápidas mudanças no estado mental, se alternando, por exemplo, estados de letargia e períodos de agitação e acelerada atividade mental. Os principais sintomas da doença passam por falhas de atenção, pensamentos desorganizados, desorientação, mudanças nas sensações e nas percepções, além de um acentuado estado de vigília, inclusive com alucinações visuais perturbadoras.
Desequilíbrios
Segundo estudos, aproximadamente 15% dos pacientes admitidos nos centros de tratamento mental apresentam sintomas da doença já na sua admissão, enquanto que cerca de outros 10% desenvolvem esse fenômeno durante o período de internação. "O delirium pode ser causado por vários fatores externos, podendo, também, surgir no curso de alguma doença ou pelo uso de certos tipos de medicação", afirma Calixto, salientando que, apesar disso, a causa específica do distúrbio pode não ser diagnosticada na maioria das vezes.
Outras condições médicas isoladas ou combinadas podem ser a causa da moléstia, entre elas as alterações por fornecimento insuficiente de oxigênio ou de outras substâncias ao cérebro, desidratação ou desequilíbrios causados pelo uso de substâncias tóxicas, álcool ou drogas.
"Por ser uma síndrome de várias etiologias, é de fundamental importância determinar seus fatores de risco", adverte o especialista, que os classifica em duas categorias distintas: a primeira, relacionada com o aumento da vulnerabilidade do indivíduo, como a idade avançada, doença cerebral crônica, acidente vascular cerebral e doença de Parkinson; e a outra, causada por fatores externos, como efeitos adversos ao uso de medicamentos, infecções, desidratação, imobilizações prolongadas ou desnutrição.
Exame físico e mental
Para Calixto, qualquer episódio recente de agitação no idoso deve ser investigado como delirium até prova em contrário. Ao se confirmar a suspeita, é necessária uma história clínica detalhada do paciente, além de um exame físico e mental completo. No entender do especialista, várias dessas manifestações são reversíveis, desde que suas causas subjacentes sejam identificadas e tratadas rapidamente.
O correto tratamento depende do correto diagnóstico das manifestações que produziram o estado de delirium. Deve-se procurar solucionar essas alterações, para que o quadro não piore. Assim, problemas cardíacos, deficiência de oxigênio no sangue ou aumento de dióxido de carbono, doenças tireóideas, anemia, insuficiência renal ou hepática devem ser combatidos para que as conseqüências sejam minimizadas. O geriatra recomenda que, quando o paciente apresentar conduta agressiva ou perigosa para ele ou para outras pessoas, deve ser ministrada uma medicação especial, com dose muito baixa de fluoxetina, vasodilatadores do cérebro ou bloqueadores da dopamina.
Principais sintomas de delirium
· Distúrbios na atenção, caracterizados pela incapacidade de se concentrar, ausência de pensamentos claros ou coerentes.
· Alteração na consciência de localização no tempo e no espaço, que pode ocasionar também uma desorientação nas sensações e nas percepções.
· Interrupções nos ciclos do sono, que podem trazer sonolência durante o período da tarde ou da noite.
· Perda da memória imediata e mudanças no estado de alerta no decorrer do dia.
· Mudanças emocionais que podem se alternar entre ansiedade, raiva, apatia e euforia.
