?Hoje, 50% das crianças curitibanas são cárie-zero." A afirmação vem de especialistas em saúde pública e odontopediatras que acompanham os números do Programa Cárie Zero da Prefeitura Municipal de Curitiba. Eles garantem também que as futuras gerações de curitibanos não vão apresentar problemas ou perder os dentes com facilidade. Este é o reconhecimento que a prevenção evoluiu consideravelmente na capital paranaense nas duas últimas décadas. A experiência de Curitiba, onde a saúde bucal está ligada ao Programa Saúde da Família (PSF) é referência para o país.
?O CPOD – índice de dentes cariados, partidos e obturados -, aos 12 anos em 1981, na capital, era de 10. Hoje, é de 1,27?, relata a coordenadora do programa Lise Mara Souza, salientando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza um índice ideal de 3,0. Para se ter uma idéia, em 2004, foram feitos 1,78 milhão de procedimentos básicos em odontologia, sendo 434,7 mil na faixa até 14 anos. Esses atendimentos se dividem em atenção básica (restauração, limpeza, flúor e prevenção) e outros procedimentos, como extrações, pequenas cirurgias, diagnóstico bucal e o atendimento a pacientes especiais.
Altas taxas de resolutividade
A Secretaria Municipal de Saúde conta hoje com 108 unidades de saúde; destas, 98 possuem clínicas odontológicas, constituídas por módulos odontológicos simplificados onde as equipes de saúde bucal (dentistas, técnicas de higiene dental e atendentes de consultório) realizam os atendimentos. Destas, 44 unidades funcionam nos moldes do PSF e mantêm equipes de saúde bucal. Ao todo, são 110 equipes, que atendem a 26% da população. A meta é dobrar o número de equipes para 220, até 2008, ampliando a cobertura de atendimento.
Além das clínicas odontológicas, o programa funciona com uma unidade especializada, o Centro Especializado de Odontologia (CEO), e outra própria para pacientes portadores de deficiências, a Unidade de Saúde Amigo Especial. O maior desafio do programa, conforme Lise, é continuar apresentando altas taxas de resolutividade, além de buscar a ampliação do acesso aos serviços de saúde bucal pela população. "Para isso, dispomos de uma série de estratégias, como o prontuário eletrônico, as capacitações e os treinamentos", ressalta.
A coordenadora lembrou que uma das maiores preocupações é atingir o adulto, "porque lá na ponta os resultados são satisfatórios". Para tanto, estão sendo estudadas estratégias para ampliar o acesso aos serviços da faixa etária acima dos 19 anos. ?Uma delas é o atendimento em horários alternativos, fora do expediente", cita. Os especialistas em odontopediatria reconhecem que essa realidade está bem longe dos índices verificados no restante do Brasil, com exceções no sul e no sudeste.
O CÁRIE ZERO
O Programa Cárie Zero, desde o seu lançamento em 1997, busca somar os esforços entre os setores público e privado, associativo e educacional, procurando potencializar ações e promover a saúde bucal da população de Curitiba. Sua atuação está estruturada em três vertentes:
CÁRIE ZERO – AMIGO ESPECIAL ? que tem a finalidade de organizar o atendimento odontológico para pessoas portadoras de deficiências na rede municipal. A porta de entrada para o atendimento é obrigatoriamente a unidade de saúde mais próxima da residência do portador de deficiências.
ÔNIBUS CÁRIE ZERO – É um ônibus educativo que atua na difusão de ações de prevenção e auto cuidado da população com a saúde bucal. Contém em seu interior materiais didáticos e também uma boca gigante que serve como modelo para a orientação à escovação dentária e prevenção das doenças bucais mais freqüentes.
DENTISTA CÁRIE ZERO – Fazem parte deste programa dentistas da rede pública e privada, visando a integração através de atividades educativas voltadas para o controle de doenças bucais e manutenção da saúde bucal. A inscrição para este programa é gratuita, oferecendo cursos, palestras, participações em eventos científicos.