maissaude_campanha.jpgLembrado nesta quarta-feira (21), o Dia Mundial do Alzheimer, uma patologia que atinge, sobretudo, os mais idosos, ao mesmo tempo que comprova uma notícia boa: a expectativa de vida das pessoas vem aumentando no Brasil e em diversos países do mundo, traz, também, uma notícia que preocupa: com isso, aumenta o número de casos da doença. De acordo com os médicos, a situação é preocupante, já que a patologia envolve o doente e a sua família ? no Brasil e nos países pobres, geralmente quem cuida dele. Além disso, em termos de saúde pública, uma maior incidência da enfermidade provoca maiores preocupações em termos de bem-estar social, econômico e de qualidade de vida.

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O doutor em neurologia Francisco Vale explica que a doença de Alzheimer é uma forma progressiva e degenerativa de demência, sendo responsável por cerca de 50% do total das demências primárias. A sua evolução é muito lenta e, a maior parte dos casos, precedida de uma fase caracterizada por perturbações de memória, sua principal característica. Cerca de 80% da população idosa procura atendimento médico com queixas de problemas de memória. De acordo com o especialista, alguns deles podem evoluir para a doença, outros nem tanto, já que alguns tipos de esquecimentos não sugerem a incidência precípua da doença.

Remédios de graça

Somente quando as dificuldades de memória começam a atrapalhar as atividades normais, no entender da neurologista Mônica Koncke Fiúza Parolin, neurologista e coordenadora paranaense do ?Dia Nacional do Alzheimer?, organizado pela Academia Brasileira de Neurologia, é que deve ser feita uma avaliação neuropsicológica e, se necessário, exames de tomografia para verificar se existe algum tipo de comprometimento. Geralmente, o idoso começa com perdas de memória, que vão evoluindo para perturbação e alteração das capacidades e das funções nas atividades do dia-a-dia, mostrando algum grau de dependência.

A especialista diz que as manifestações da doença variam de pessoa para pessoa. ?Em média, tem a duração de 9 a 10 anos (ver box), dividida em três fases: leve, moderada e severa?, explica.

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Existem medicamentos que, se usados precocemente, retardam a evolução da doença. São medicamentos de custo elevado, e alguns deles apresentam efeitos colaterais com freqüência. Por isso, sua prescrição somente pode ser feita pelo médico, após cuidadoso diagnóstico. Alguns desses medicamentos podem ser obtidos gratuitamente pelo SUS. Para isso, a pessoa deve procurar a unidade de saúde para verificar se preenche todas as indicações clínicas para uso do remédio e, então, fazer a solicitação. Não existe problema se a pessoa faz seu tratamento com o médico em clínica privada. Todos têm esse direito assegurado por lei.

Francisco Vale comenta que alguns estudos apontam que idosos que ocupam o seu tempo com atividades mentais, atividades físicas regulares, boa alimentação, noites de sono tranqüilo, adeptos ao lazer e aos cuidados com a saúde em geral, estão menos propensos a sofrer de Alzheimer. O especialista salienta que, apesar de não existirem medidas preventivas específicas contra a doença, algumas medidas gerais podem diminuir o risco da sua incidência. Além disso, pesquisas realizadas nos Estados Unidos apuraram que indivíduos que têm um trabalho exigente, em nível psicológico, correm menores riscos de desenvolver a doença de Alzheimer.

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Em cada fase, uma preocupação

LEVE

Duração: 3 a 4 anos.

Nesta fase, o paciente pode ter a percepção do seu déficit de memória e das dificuldades no seu dia-a-dia e questiona ou tenta justificar como um esquecimento próprio da idade. Sua principal queixa é o esquecimento de compromissos, recados, alimentos no fogo, aniversários, objetos, etc. Normalmente outros sintomas vão surgindo, como as dificuldades de aprender coisas novas, de raciocínio e cálculo, de manter conversas normais, além da falta de concentração e da desorientação espacial.

Cuidados: É importante o diagnóstico e o acompanhamento por especialista, pois o tratamento precoce consegue retardar a evolução da doença, mantendo a capacidade produtiva por mais tempo.

MODERADA

Duração: 3 a 5 anos.

É nessa fase que os familiares percebem que o déficit cognitivo está muito além do normal para a idade. Existe um agravamento de todos os sintomas da fase inicial. As alterações são muito mais evidentes e o paciente necessita cada vez mais de alguém para cuidar de suas atividades diárias de rotina (se alimentar, vestir e higiene pessoal). Ocorre piora progressiva da memória, inclusive dados de sua historia pessoal, não reconhece mais alguns familiares e amigos e apresenta mudança de personalidade, delírios, desconfiança, confusão e alucinações, por vezes com comportamento agressivo e hostil.

Cuidados: O doente não pode mais viver sozinho e devem ser feitas mudanças na casa de forma a torná-la mais segura (trancar portas e janelas ou desligar o gás, por exemplo).

FINAL

Duração: 1 a 3 anos.

Nessa fase o paciente encontra-se completamente incapacitado, não consegue mais se comunicar e necessita de cuidados 24 horas por dia, apresentando imobilidade progressiva e perda do controle urinário e fecal.

Cuidados: São muito comuns as complicações clínicas, principalmente as respiratórias (pneumonias).

Fonte: neurologista Mônica Koncke Fiúza Parolin.

A doença de Alzheimer NÃO é:

– Uma conseqüência do envelhecimento.

– Endurecimento das artérias e veias do cérebro.

– Falta de oxigênio no cérebro.

– Causada por estresse, trauma psicológico ou depressão.

– Retardo mental.

– Preguiça mental.

– Azar ou castigo.