Novos remédios apresentam êxito no combate ao câncer de mama

Entre todos os tipos de câncer, o de mama é o segundo com maior incidência entre mulheres e ainda o que mais mata – são 9 mil mortes anuais, de acordo com o Ministério da Saúde. Mas também é um dos que mais têm apresentado avanços no tratamento. Na última semana, dois trabalhos científicos divulgados no 28º Simpósio Anual de Câncer de Mama, no Texas, um dos mais importantes congressos mundiais sobre esse tipo de câncer, trouxeram mais esperança para as pacientes. O objeto das pesquisas foram dois remédios de última geração, chamados inibidores de aromatase.

Um deles, o Anastrozol, do laboratório AstraZeneca, foi comparado com as drogas convencionais, com princípio ativo tamoxifeno. A notícia é boa. Em média, ele é 37% mais eficaz do que os convencionais. O tratamento com tamoxifeno dura cinco anos depois da retirada do tumor.

No estudo, cerca de 8 mil mulheres que entraram na menopausa trocaram o tamoxifeno pelo Anastrazol após dois anos. Entre os resultados, ele diminuiu em 29% o risco de morte, em 39% a possibilidade de metástase e em 45% o risco de reincidência de câncer de mama, em relação às que seguiram com a droga convencional.

Já o concorrente Femara, da Novartis, se mostrou eficaz quando usado como continuação do tratamento com tamoxifeno. Depois de cinco anos com o convencional – e mais cinco anos sem nenhum tratamento -, as mulheres que tomaram Femara tiveram risco de metástase reduzido em 72%, risco de recorrência da doença 69% menor e risco de morte, 47% menor. No total, foram 1.655 mulheres analisadas.

Tanto o tamoxifeno como o inibidor de aromatase fazem parte da terapia de bloqueio hormonal, a mais usada no combate ao câncer de mama, além da quimioterapia. A terapia de hormônios foi descoberta por acaso há mais de cem anos, quando os médicos viram que em mulheres que já tinham retirado os ovários – principais produtores do hormônio feminino, o estrogênio -, o câncer regredia.

Na maioria das vezes, o câncer de mama é estimulado pela fabricação do estrogênio. Esses remédios agem na fabricação do hormônio ou na capacidade do tumor em atrai-lo. A atração é feita por receptores das células do tumor. Como se fossem antenas, eles captam o estrogênio e as células se alimentam com ele. O tamoxifeno chegou na década de 80 para ocupar o espaço dessas antenas. "Ele é eficaz, mas às vezes não consegue ocupar todos os espaços dos receptores e, depois de um tempo, as células se tornam resistentes a ele", explica Marcello Fanelli, oncologista do Hospital do Câncer.

No fim dos anos 90, chegaram os inibidores, para ser usados em mulheres na menopausa, com câncer. Nessa fase, o estrogênio deixa de ser produzido pelos ovários e uma quantidade menor passa a ser produzida pela gordura. Pelo fato de bloquear a produção do estrogênio, ele é mais eficaz.

Os inibidores falham também. "Ele é ótimo no combate ao hormônio na gordura, mas há outros mecanismos de origem do câncer que ainda podem se sobrepor", diz Fanelli. Outro inconveniente: a caixa de inibidor custa R$ 300; a de tamoxifeno R$ 70. O ministério oferece o tamoxifeno. "O de última geração só é oferecido como segunda opção, quando o tamoxifeno não funciona mais", afirma o médico.

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