Estima-se que sete em cada dez pessoas com vida sexual ativa já entraram em contato com o vírus HPV (papilomavírus humano), a doença sexualmente transmissível de maior incidência no País. Após o contágio, o vírus permanece “adormecido”, isto é, sem apresentar sintomas, por um período mínimo de dois meses podendo chegar a mais de 20 anos; por isso a maioria das pessoas que adquire a infecção nem desconfia disso. Boa parte delas elimina o HPV espontaneamente, mas outras podem desenvolver verrugas genitais (conhecidas popularmente como “crista de galo”) ou até câncer por conta de lesões não tratadas.
Um tratamento inovador contra as verrugas genitais será abordado na Jornada de Infecções em Ginecologia e Obstetrícia (INFECTOGIN), promovida pelo Departamento de Tocoginecologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná e pela Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná, nos dias 19 e 20 de setembro em Curitiba. Outros temas de destaque são as infecções em mulheres grávidas e o risco de contaminação do bebê, corrimentos recorrentes e a infecção genital causada por clamídia, uma doença sexualmente transmissível muito freqüente na população.
O combate às verrugas genitais causadas pelo vírus HPV ganhou um novo aliado. O medicamento Aldara (Imiquimod) promete estimular o tratamento da doença por tratar-se de um creme (uso tópico) que o próprio paciente aplica sobre as verrugas – sem dor -, ao contrário das tradicionais cauterizações, que são motivo de queixas freqüentes por conta do desconforto durante a cicatrização e da alta reincidência das lesões após o tratamento. A novidade será apresentada este Sábado, 20, pela ginecologista Cíntia Parellada, do setor de patologia do colo do útero do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
“Ao saber que está com HPV, é comum que o paciente fique assustado e com medo da associação do vírus com o câncer”, afirma a médica. No entanto, dentre os mais de 100 tipos de HPV existentes, poucos estão relacionados ao câncer do colo de útero. Outros tipos provocam o aparecimento de verrugas na região genital, que se multiplicam quando não tratadas e facilitam a contaminação por outros tipos de doenças sexualmente transmissíveis, até mesmo a AIDS.
Antes do lançamento de Aldara no Brasil, os pacientes contavam apenas com métodos de corte ou cauterização para eliminação das verrugas, que são realizados pelo médico dentro do consultório. As pesquisas apontam que a taxa de aparecimento de verrugas após esses tratamentos pode chegar a 50%. Já o creme Aldara®, comercializado pela Schering do Brasil, é aplicado com mais comodidade pelo próprio paciente e reduz significativamente a reincidência da doença. Isso se deve a um mecanismo de ação inédito, que atua no sistema imunológico para combater as células contaminadas pelo HPV. Enquanto as demais técnicas agem somente sobre a verruga, Aldara® aumenta a produção local de substâncias próprias do sistema imune, como o interferon e outras citocinas, que auxiliam no combate a doenças virais.
“Já se sabe que a maioria das pessoas infectadas pelo HPV elimina o vírus espontaneamente sem apresentar sintomas. E deduz-se que as verrugas aparecem quando há uma falha das defesas naturais do organismo”, explica a Dra. Cíntia.
Uma revisão da Sociedade Americana de Colposcopia e Patologia do Trato Genital Inferior mostra que o produto apresenta eficácia em 72% a 84% dos casos. Outras pesquisas demonstraram que a taxa de reaparecimento das verrugas com o uso de Aldara® fica abaixo da média das demais técnicas, o que evita que o paciente retorne muitas vezes ao médico. Um estudo publicado em 2002 pelo International Journal of Gynecology & Obstetrics envolvendo 600 pacientes mostrou que somente 16% deles apresentaram recorrência durante seis meses de acompanhamento. Já os outros tratamentos geralmente registram índices mais elevados. Um artigo publicado pelo The American Journal of Managed Care em 1999 mostra que a taxa de recorrência do ácido tricloroacético é de 45,7%; da podofilina, 55,4%; da crioterapia, 56,3%; e do laser, 59,9%.
“A eficácia de Aldara® aliada à auto-aplicação podem contribuir para estimular o tratamento e reduzir as possibilidades de contágio”, afirma a ginecologista. Ela ressalta que todo o paciente deve consultar seu médico para saber qual tratamento é mais adequado e nunca deve se auto-medicar.
Sobre o HPV
A infecção pelo HPV nos órgãos genitais é a doença sexualmente transmissível de maior prevalência no mundo todo e acomete tanto mulheres como homens. Estima-se que 75% da população sexualmente ativa entra em contato com um ou mais tipos desse vírus em algum momento da vida. Um pequeno número de tipos de HPV chamados de “alto risco” estariam associados ao câncer de colo de útero. Por outro lado, outros tipos do vírus provocam o aparecimento das verrugas.
Nem sempre é possível notar a diferença entre uma verruga e outros tipos de lesões de pele. Por isso, recomenda-se procurar o médico periodicamente para realizar exames preventivos. De forma geral, o diagnóstico das verrugas genitais pode ser realizado durante uma simples consulta. O médico solicitará outros exames caso sejam necessários, inclusive aqueles para prevenção do câncer genital.
Diagnóstico
Os exames para detecção do HPV são o Papanicolaou (o chamado exame preventivo detecta as lesões/alterações causadas pelo vírus nas células), a Colposcopia (identifica as lesões por meio de um aparelho chamado colposcópio), a Biópsia (retirada de uma amostra de tecido para análise) e a Captura híbrida (técnica moderna que consegue identificar a presença do vírus, seu tipo e quantidade).
Tratamento
Os tratamentos para verrugas genitais causadas pelo vírus HPV são Aldara (creme auto-aplicável que age no sistema imunológico), Criocirurgia (um instrumento que congela e destrói a lesão), Laser (destrói o tecido onde estão as lesões), CAF (um instrumento elétrico que cauteriza ou corta a lesão) e ATA (um ácido aplicado pelo médico nas lesões).
Serviço: INFECTOGIN (19 E 20/09)
Simpósio: Novas perspectivas na conduta da infecção pelo HPV
Data: 20/09 das 13h20 às 14h40
Local: Anfiteatro Araucária – SOGIPA