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Como ocorre em outros países do mundo, a população brasileira está envelhecendo rapidamente e muitos são os motivos que levam a esta conclusão. O desenvolvimento de medicamentos e tratamentos cada vez mais eficientes, a prevenção de várias doenças incapacitantes e os melhores cuidados e a atenção à saúde. Assim, um número cada vez maior de pessoas chega à terceira idade em plenas condições físicas e mentais. Com efeito, os cuidados com a saúde bucal dos idosos também tiveram um desenvolvimento exponencial.

Hoje, a odontogeriatria é uma realidade indiscutível. Conforme o professor doutor Ruy Brunetti, os primeiros estudos na área surgiram na década de 1950, nos Estados Unidos, quase sempre ligados às pesquisas sobre próteses dentais. Até alguns anos atrás, conforme explica o odontólogo César Augusto Izique, em virtude do grande número de edentulismo (pessoas sem os dentes), achava-se que o tratamento ideal para os mais velhos era realizar uma prótese total. "Na época, as próteses totais eram vistas como o fim dos problemas orais e, supostamente, deveriam durar para sempre", atesta o especialista, salientando que a expectativa de vida, até então, não passava dos 60 anos de idade.

Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo aponta que 64% dos idosos brasileiros são desdentados, pois não receberam técnicas de odontologia preventiva, como ingestão de dieta apropriada, aplicações regulares de flúor e uso de fio dental, entre outras. Esses cuidados surgiram nos países escandinavos nas décadas de 1960 e 1970 e somente depois dessa data é que passaram a ser utilizados no Brasil. Sem, no entanto, afirmam os pesquisadores, alcançar os idosos atuais quando estavam jovens.

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Acompanhamento multidisciplinar

Segundo Izique, atualmente, a saúde oral dos idosos está incorporada a sua qualidade de vida, ou seja, os profissionais devem conferir aos pacientes a sensação da ausência de dor, bem-estar físico, psíquico, social e uma auto-estima positiva. Uma questão importante, lembrada pelo cirurgião, é a de que para atender plenamente essas questões o cirurgião-dentista necessita possuir conhecimentos sobre a fisiologia do envelhecimento e as doenças orais dos idosos. Outra constatação do especialista é de que os odontogeriatras precisam ter grande domínio dos fármacos receitados ao seu paciente, pelos médicos que o atendem. Por isso, a importância em manter um relacionamento multidisciplinar com os geriatras. "A troca de experiências entre esses profissionais de saúde é de suma importância para o bom andamento do tratamento oral", ressalta.

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Para lidar com os pacientes idosos, é preciso identificar suas características individuais, buscando reconhecer o seu estado psicológico. Esses pacientes, invariavelmente, apresentam múltiplos problemas e doenças atípicas. Os odontogeriatras ressaltam ainda que nada que seja invasivo ou agressivo para o paciente deve ser realizado sem que o risco do custo-benefício seja dimensionado. Quanto aos idosos, embora haja algum tipo de desconfiança no início de tratamento, os pacientes acabam percebendo os benefícios de mastigar bem os alimentos com maior firmeza e segurança. "Tudo isso implica no seu bom estado nutricional e de saúde em geral", completa Izique.

Principais alterações na saúde oral, ligadas ao envelhecimento

· Edentulismo, ou seja, perda total dos dentes.

· Ronco, causado freqüentemente pela apnéia do sono.

· Redução do conteúdo fibroso do ligamento periodontal, que torna o paciente mais susceptível a doenças periodontais e, conseqüentemente, a perda dos dentes.

· Alterações degenerativas que causam dores nas articulações junto ao ouvido e estalos durante a mastigação.

· A gengiva fica mais flácida.

· Redução do paladar.

· Redução da salivação.