Um novo exame para diagnóstico do câncer de próstata amplia as chances de detecção da doença de forma significativa. Segundo especialistas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), atualmente, cerca de 80% dos tumores na próstata não são observados clinicamente. O teste, chamado espectroscopia, é feito por um software acoplado a um equipamento de ressonância magnética e capta as imagens em alta resolução, realizando uma leitura bioquímica das substâncias produzidas pela próstata. ?Um especialista, ao analisar a dosagem de cada substância, identifica aquelas que estão em quantidade acima do normal, avaliando se o paciente está ou não com câncer?, explica o diretor da Clínica Cetac, Guilberto Minguetti.

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A partir dessa medição é possível determinar a localização exata de um nódulo, por menor que ele seja. Os métodos tradicionais para diagnóstico do câncer de próstata, entre eles, o toque retal, que para muitos homens é difícil de enfrentar devido ao preconceito, não consegue ?enxergar? nódulos de tamanho mínimo. Se os homens evitam passar pelo toque retal, enfrentar a batalha contra essa doença, então, se torna um calvário. Depois de confirmada a existência do câncer, começa uma série de exames e tratamentos que podem ser caros, dolorosos e deixar vários tipos de problemas, mesmo que, em determinados casos, a cura seja total. O câncer de próstata é o segundo tipo da doença que mais atinge os homens, perdendo apenas para o câncer de pele. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 46 mil brasileiros serão diagnosticados com a doença até o final do ano. O retardo nessa investigação é principal responsável por elevar os índices de mortalidade.

Método não substitui exame clínico

Além do toque retal, a dosagem de PSA, proteína produzida pela glândula prostática, é outro exame eficiente para flagrar o câncer de próstata. Dados do Inca atestam que de cada 100 tumores apenas seis escapam à combinação de alguns desses exames. Do ponto de vista estatístico, esse índice é baixíssimo, no entanto, 6% é uma quantidade razoável de homens que sentem o drama de o câncer crescer por não ter sido detectado. Conforme Minguetti, é para tentar diminuir ainda mais esse índice que a ressonância magnética complementada por espectroscopia, traz novas esperanças.

O diretor salienta que, por enquanto, a técnica não está disponível para todos os casos, visto que os radiologistas ainda estão se capacitando para obter os resultados esperados, mas que, provavelmente, em poucos meses conseguirão dominar a método com eficácia. Minguetti insiste em lembrar que a espectroscopia veio para auxiliar na detecção do câncer prostático, aumentando a eficácia da ressonância magnética em busca do diagnóstico correto. Este exame tem como objetivo trazer informações distintas e complementares no diagnóstico de câncer, sem, no entanto, substituir os exames clínico, laboratorial e por imagem (ultra-som), incluindo a biópsia.

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Segundo o médico Douglas Racy, do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, a espectrografia será especialmente útil nos casos em que o exame clínico é falso negativo. "É muito comum o teste de PSA dar alterado, o que poderia sugerir um câncer, e a biópsia apresentar resultado negativo", afirma. Mesmo com as novas tecnologias que buscam diminuir o sofrimento e chegar à cura com a menor ocorrência possível de danos colaterais, a prevenção continua sendo fundamental. Procurar o urologista é essencial para todos os homens com mais de 40 anos. ?É melhor o paciente que vem ao consultório se recusando a fazer o toque retal, do que aquele que não vem e não fica sabendo se tem ou não algum problema?, completa o urologista Sérgio Bassi.