HC da USP de Ribeirão Preto.

Uma nova técnica de transplante de medula óssea, que consiste no tratamento do material sangüíneo do próprio doente, dispensando doadores, foi utilizada no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. O método, desenvolvido pela equipe do professor Júlio Voltarelli, será utilizado em casos graves de doenças reumáticas auto-imunes que não respondem às terapias convencionais.

A cirurgia foi realizada em um portador de Lupus Eritematoso Sistêmico (LES). Foram retiradas e guardadas células da medula óssea mobilizadas para o sangue do doente, enquanto era submetido a tratamento com drogas quimioterápicas e imunoterápicas para combater a doença. Após o tratamento, o material sangüíneo é transfundido de novo para o paciente. O professor Voltarelli explica que a equipe ainda não está realizando o tratamento “in vitro” da medula do paciente, técnica que elimina os linfócitos agressores do sangue em laboratório, porque os kits e equipamentos ainda não chegaram ao HC.

O paciente apresenta evolução clínica normal, mas deverá passar por um período de 15 dias de imunossupressão (falta de imunidade). Após este período, dependendo do quadro geral, poderá até ter alta hospitalar. Voltarelli ressalta que o êxito do transplante e da terapia poderá ser verificado com mais exatidão no prazo de um ano.

O professor lembra que 10% dos pacientes de doenças reumáticas auto-imunes no HC morrem a cada ano. Ele acredita que os transplantes podem minimizar esse quadro e aponta que os resultados obtidos com a terapia mostram que as doenças podem ser estabilizadas ou mesmo curadas. “Normalmente, o Brasil está 10 ou 20 anos atrás do primeiro mundo neste tipo de tratamento, mas desta vez estamos começando juntos e com um trabalho ajustado ao perfil e à necessidade dos pacientes brasileiros”, afirma.

Mais informações: jcvoltar@usp.br, com o professor Júlio Voltarelli

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