Aqui vai uma boa notícia para os asmáticos, e principalmente para as crianças. Uma nova forma de tratamento promete espaçar as crises e torná-las menos graves: o controle da rinite. É o que sugere o chamado Projeto ARIA, documento preparado por 54 sociedades médicas de vários países, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que será distribuído no Brasil a partir deste mês para médicos especializados em alergia, pneumologia, otorrinolaringologia e também pediatras e clínicos gerais.
Segundo especialistas, mais de 80% dos asmáticos tem rinite, doença alérgica, considerada “ponto de partida” para uma crise de asma. Assim, tratando o paciente de forma integrada, ao considerar os dois problemas provenientes de uma mesma “via aérea”, a qualidade de vida do paciente pode melhorar consideravelmente.
De acordo com o Dr. Charles Naspitz, especialista em alergia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o tratamento da rinite e da asma são feitos hoje de forma isolada. “O pneumologista não cuida adequadamente do nariz e o otorrino não cuida do pulmão. Entretanto, o tratamento concomitante da rinite permite um melhor controle da asma”, afirma Naspitz, um dos coordenadores do Projeto ARIA (do inglês, “Rinite Alérgica e seu Impacto na Asma”) no Brasil, juntamente com o Dr. Álvaro Cruz, pneumologista e professor da Universidade Federal da Bahia. O documento pretende chamar a atenção dos médicos para a relação entre as doenças, mostrando que, ao controlar bem a rinite de uma pessoa com asma, podem diminuir os custos médicos e hospitalares, a quantidade de remédios prescrita, bem como as faltas no trabalho e na escola.
“A rinite alérgica pode ser considerada uma manifestação inicial da asma. Controlar a rinite significa prevenir-se contra as crises de asma”, explica o Dr. Álvaro Cruz. E, de acordo com as novas diretrizes do Projeto ARIA, além de prevenir as crises de asma, o tratamento da rinite em asmáticos pode ser realizado com algumas drogas que são eficazes para ambas as doenças, como os glucocorticóides e os antileucotrienos.
A incidência da asma é bastante significativa no Brasil. Mais de 10% da população brasileira sofre desse mal, o que segundo dados do Ministério da Saúde, resulta em 350 mil internações por ano (dados de 1996) na rede pública de saúde (SUS). Em 1996, o gasto foi aproximadamente de 76 milhões de reais com as internações por asma, o correspondente a 2,8% do gasto anual total. Mas são as crianças que mais sofrem com a doença. Segundo dados extraídos do International Study of Ashtma and Allergies in Childhood (ISAAC), realizado nas cidades de Recife, Salvador, Itabira, Uberlândia, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre entre escolares de 6 a 7 anos e de 13 a 14 anos, mostrou que 13% das crianças brasileiras são asmáticas.
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que contrai os brônquios e bronquíolos, causando dificuldade para respirar. Chiados no peito e falta de ar são sinais de uma crise. O paciente necessita de acompanhamento constante, pois está sempre vulnerável aos fatores desencadeadores da crise, como mudanças bruscas de temperatura, poeira doméstica, cigarro e poluição.
A rinite, por sua vez, é um processo inflamatório que atinge as vias aéreas superiores. São necessárias duas condições para a doença se manifestar: predisposição genética e ambiente hostil. “A prevalência das doenças respiratórias vem aumentando muito ultimamente. A rinite alérgica, por exemplo, representa hoje um problema global de saúde pública, que atinge no mínimo de 10 a 25% da população em geral”, afirma o Dr. Charles Naspitz. “Esta é outra razão pela qual o Projeto ARIA foi elaborado. Embora a rinite alérgica não seja uma doença grave, ela modifica a vida social dos pacientes e afeta o desempenho escolar e a produtividade no trabalho. Além disso, é considerada um fator de risco para a asma, doença muito mais complicada e que pode levar à morte”, sintetiza o médico.
O conteúdo do Projeto ARIA foi traduzido e está sendo divulgado em congressos e simpósios médicos por todo o País graças ao patrocínio de alguns laboratórios brasileiros e multinacionais. O Laboratório Libbs Farmacêutica é um dos patrocinadores do Projeto e, além da contribuição financeira, fará a distribuição gratuita do documento, em forma de guia de bolso, para pediatras em todo o país.
Site oficial do Projeto ARIA (Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma):
www.whiar.com