A visão participa em 80% das atividades do ser humano. Mas, apesar de vivermos num mundo que valoriza a imagem, nem sempre estamos preocupados em cuidar deste maravilhoso órgão que nos permite trabalhar, comunicar, usufruir dos prazeres da vida e curtir melhor o lazer. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 180 milhões de pessoas em todo o mundo possuem algum tipo de deficiência visual, dos quais 50 milhões são cegos. O Brasil possui 4 milhões de deficientes visuais e aproximadamente 1.250.000 cegos. Felizmente, de 70 a 80% dos casos de cegueira podem ser prevenidos ou curados.
A catarata é a principal causa de cegueira em adultos com mais de 60 anos. Todas as pessoas, um dia, terão catarata, pois a opacidade do cristalino está relacionada à idade. Não à toa, metade dos casos ocorrem em indivíduos entre 65 e 75 anos de idade e, em pessoas acima desta idade, a estatística sobe para 75%.
Os fatores que comumente favorecem o aparecimento da catarata são hereditariedade, certos tipos de medicamentos (uso de esteróides por tempo prolongado, por exemplo), tabagismo, doenças metabólicas (diabetes, hipertireoidismo), doenças oculares (uveíte), desnutrição, cirurgia intra ocular prévia (vitrectomia ) e a ocorrência de infecção durante a gravidez, principalmente toxoplasmose e rubéola.
Os programas de educação pública têm papel de destaque na orientação quanto à prevenção dos fatores de risco, já que muitos podem ser evitados. São importantes ainda para que a doença seja devidamente diagnosticada. Na maioria das vezes, o paciente sente que teve diminuição da acuidade visual e reclama da ?visão embaçada, nublada?, sem imaginar que pode estar ali o início da catarata. Percebe ainda que aumentou a sensibilidade à luz e que as cores já não são tão contrastantes. Então, procura o ?oculista? para mudar os óculos e, após exames, recebe o diagnóstico da catarata.
O tratamento ? único e simples – é a cirurgia, onde o cristalino é substituído por uma prótese denominada Lente Intra Ocular ( LIO ). Atualmente, por meio de uma técnica chamada facoemulsificação, a recuperação visual é quase imediata, mais segura e com menor risco de complicações, reduzindo assim o tempo de internação hospitalar, chegando a algumas horas. No passado, o paciente permanecia hospitalizado de cinco a sete dias.
A possibilidade de complicações cirúrgicas é pequena – em 95% dos casos o resultado é excelente ? e o tempo médio de duração da cirurgia é de aproximadamente 6 minutos, tanto no Brasil como nos países desenvolvidos.
Outro dado positivo da cirurgia é que, com as novas lentes, é possível também fazer a correção refrativa em pacientes que têm miopia, hipermetropia e astigmatismo. A melhora da visão de longe e perto pode ser conseguida através de lentes intra oculares multifocais, pseudoacomodativas e técnicas de monovisão.
Mas é preciso cuidado: as lentes pseudoacomodativas não são indicadas para pacientes que apresentam vício de refração elevado, possuem doenças degenerativas da retina ou já se submeteram a implantes de lentes monofocais, entre outras restrições. Qualquer que seja a necessidade, porém, só um médico oftalmologista poderá indicar o melhor procedimento. Consulte-o sempre que notar alterações nesse órgão maravilhoso, chamado visão.
*Minoru Fujii é médico oftalmologista, chefe do setor de Retina e Catarata do Hospital CEMA, em São Paulo, referência em oftalmologia e otorrinolaringologia. Realizou mais de 12 mil cirurgias de catarata no período de 1993 a 2004.
