Maria Eduarda é a alegria dos pais Cíntia e Cassiano. A menina nasceu por meio de um método de fertilização in vitro (FIV) que vem ganhando cada vez mais espaço: a FIV simplificada. Realizar o sonho de ter filhos era o sonho de Cíntia, cuja causa da infertilidade, depois de diversos exames, nela e no marido, não foi encontrada. A primeira opção, inseminação artificial, não deu resultado. Na segunda tentativa, a comerciária optou pela fertilização simplificada e, na primeira vez que seguiu a técnica, engravidou. Faz menos de um mês que Maria Eduarda está nos seus braços.
O diretor do Centro Paranaense de Fertilidade, Karam Abou Saab, professor de Reprodução Humana da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, comenta que após um ano de relacionamento sexual sem uso de métodos para evitar filhos 80% dos casais engravidam, 5% demoram mais tempo e 15% necessitarão de auxílio médico para obter uma gestação. ?Estes serão rotulados como casais inférteis, uma deficiência que a maioria dos casais que dela sofrem tem dificuldade em aceitar e conseqüentemente acabam sofrendo crises emocionais importantes?, salienta o médico.
Entre os fatores que originam maiores dificuldades para o casal engravidar, o professor constata que a atividade sexual iniciada precocemente pelos adolescentes provoca freqüentemente doenças que podem afetar a fertilidade futura, além das gestações indesejadas que podem levar aos abortos provocados, afetando, também, a capacidade de obter outras gestações. No entanto, a postergação da maternidade por mulheres que priorizam estudos e realização profissional, permitindo que doenças ou a idade avance comprometendo a fertilidade (?após os 35 anos a fertilidade das mulheres declina vertiginosamente?) é citada por Karam Saab como a principal causa do distúrbio.
Menos agressiva
O especialista explica que a FIV consiste em retirar o óvulo da mulher através de uma punção transvaginal e fertilizá-lo com espermatozóide do marido em uma estufa. Dois a cinco dias após, o óvulo fertilizado e transformado em embrião é transferido para o útero da mãe, também por via vaginal. Os tratamentos tradicionais cada vez mais estão sendo substituídos pela reprodução assistida, em que se inclui a inseminação e a Fertilização In Vitro. ?Em alguns países 3% das crianças nascidas atualmente foram concebidas por FIV?, enfatiza o médico.
A FIV tem conquistado a preferência de muitos casais por solucionar com objetividade a maioria dos casos de infertilidade. De acordo com Saab, sua aplicação não tem sido mais ampla pelo estigma de alta complexidade e elevados custos. O diretor explica que a FIV simplificada é mais natural, menos agressiva, mais barata e, conseqüentemente, mais tolerável. ?Isto é importante para um método de tratamento que ainda exige em média 2 a 3 tentativas para se obter uma gestação, principalmente em mulheres com idade mais avançada?, reconhece, elogiando o método, que embora seja um tratamento sofisticado, na forma simplificada é eficaz, acessível e sem desgaste físico ou emocional relevantes, evitando também que casais posterguem os tratamentos permitindo a idade avançar e comprometer definitivamente a fertilidade.
FIV simplificada incorporou novos itens
Ao longo do tempo a FIV simplificada foi incorporando novos itens, visando obter melhores resultados:
* Preocupação com o estado emocional do casal (diminuição do estresse e ansiedade).
* Medicação mais natural e menos agressiva (menos injeções e coletas de sangue).
* Redução na utilização de anestésicos e sedativos.
* Melhoria da qualidade no laboratório (qualidade do ar, qualidade da água, meios de cultivo e temperatura, teste de toxicidade dos materiais aos embriões).
* Transferência embrionária (colocação dos embriões no útero) guiada por USG.
* Laser Assisted Hatching ? faz-se uma abertura da cápsula que reveste o embrião, com um disparo de raio laser, melhorando sua capacidade de implantação no útero.
Quando procurar orientação médica
A infertilidade é definida como a inabilidade de um casal chegar à concepção. Se você e seu parceiro não conceberam após um ano de relações sexuais regulares sem proteção anticoncepcional, é aconselhável procurar ajuda médica. Certas condições podem indicar que se procure um médico após apenas seis meses de tentativas. Essas condições incluem:
* Parceiro do sexo feminino com mais de 35 anos de idade.
* Menstruações irregulares ou ausentes.
* Dois ou mais abortamentos.
* Uso anterior de dispositivo intra-uterino (DIU).
* Infecções prostáticas.
* História de doença sexualmente transmissível em um dos parceiros.
* História de infecção pélvica/genital em um dos parceiros.
* Cirurgia abdominal prévia em um dos parceiros.
* Reversão de esterilização cirúrgica em um dos parceiros.
* Endometriose/menstruação dolorosa.
* Secreção mamária.
* Acne excessiva ou hirsutismo (cabelos pelo corpo) em mulheres.
* Doença crônica em um dos parceiros (por ex.: diabetes, pressão arterial elevada, etc.).
* História de quimioterapia ou radioterapia em um dos parceiros.