No sul, meninas fumam mais

Uma pesquisa realizada pela Vigilância de Tabagismo em Escolares (Vigescola) ? parceria do governo federal com a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) – mostra que, em geral, a prevalência de experimentação de cigarros é maior no sexo masculino do que no sexo feminino em quase todas as capitais. Entre os meninos fumantes, Fortaleza (CE) apresentou o maior índice (27%). Apenas em Curitiba e Porto Alegre (perto de 25%) houve uma inversão dessa relação. O levantamento constatou que as meninas do sul fumam mais. Apesar de não ser conclusivo, acredita-se que o alto poder aquisitivo da região é considerado um fator de influência para esse aumento.

?As conseqüências do vício do fumo nas mulheres são mais devastadoras do que nos homens?, afirma a psicóloga Silvia Ismael, da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar. Conforme especialistas, a fertilidade das mulheres fumantes pode diminuir em até 40% com relação às não fumantes. Além disso, nas tabagistas, a atividade do ovário cessa de dois a quatro anos antes do período natural porque há diminuição do fluxo de oxigênio no ovário, antecipando a menopausa. Quanto mais a mulher fuma, mais precocemente vem a menopausa e os problemas relacionados a esse período da vida.

Medo de engordar

Como se não bastasse, os efeitos da nicotina na mulher grávida acarretam prejuízos no seu corpo e no do feto. A nicotina reduz o fluxo placentário, o que determina o envelhecimento e o descolamento precoce da placenta, aumentando o risco de aborto, de nascimentos prematuros, diminuindo o crescimento e o peso do bebê. E os prejuízos do vício não param. Uma mulher fumante tem quatro vezes mais chances de sofrer um infarto do que uma não fumante, risco que aumenta ainda mais quando elas usam anticoncepcionais.

Silvia Ismael alerta que o tratamento da mulher fumante, em geral, é mais complicado porque ela tem medo de engordar, depois de parar de fumar. A psicóloga destaca que existem várias formas de eliminar o vício, sem substituir por outro – o de comer – e que o primeiro passo é procurar auxílio especializado. ?O profissional da saúde não deve criticar a fumante, nem desaprovar sua atitude, mas abordar o problema com compreensão, motivação e sensibilização para a eficácia do tratamento?, enfatiza.

Precocidade

Para a chefe da Divisão de Epidemiologia do Inca, Liz Almeida, o grande número de jovens fumantes resulta de uma combinação de fatores. ?Em primeiro lugar, existe certa tolerância social em relação ao consumo do cigarro pelos adolescentes?, observa. Assim, muitos deles fumam em casa, até mesmo com o consentimento dos pais. Ela lembra que grande parte das pessoas não tem consciência de que o cigarro pode comprometer a qualidade de vida dos jovens no futuro. Sem contar que quem começa a fumar cedo tem menos chances de abandonar o cigarro.

Além de todos esses prejuízos, o fumo compromete a capacidade respiratória de seus usuários, deixando-o incapaz de realizar atividades cotidianas como subir escadas ou praticar esportes. O cigarro aumenta a probabilidade de que os jovens desenvolvam doenças cardiovasculares, respiratórias e vários tipos de câncer na vida adulta, principalmente o de boca e o de pulmão.

Vigescola

A Vigilância de Tabagismo em Escolares (Vigescola) é uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) para obter informações sobre o consumo de cigarros entre os jovens estudantes e faz parte de um estudo internacional desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para monitorar o tabagismo em estudantes de 13 a 15 anos, idade média de início do uso do tabaco.

A pesquisa foi criada em 1998 e vem sendo feita em todos os países do mundo. Pretende-se repetir o estudo a cada três anos. Com isso, ao longo de 15 anos será possível avaliar a tendência do tabagismo no mundo e a eficácia das ações de controle realizadas em cada país.  

Você sabia que…

– Após 20 minutos sem fumar, a pressão sangüínea e a pulsação voltam ao normal.

– Após duas horas, não há mais nicotina no sangue.

– Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.

– Entre 12 a 24 horas depois, os pulmões já funcionam melhor.

– Depois de dois dias sem cigarro, melhoram o olfato e o paladar.

– Depois de três semanas, melhoram a respiração e a circulação.

– Após um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio cai pela metade.

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