Pesquisa feita no Hospital das Clínicas, entre pacientes submetidos a cirurgia por problemas de obesidade, constatou que 80% dos obesos operados nunca tinham namorado. O levantamento foi feito pela equipe do Dr. Joel Faintuch, médico do Hospital das Clínicas de São Paulo e professor da faculdade de medicina da USP, que vai falar sobre o tema no Gastrão 2003 ? maior encontro da América Latina de especialistas no aparelho digestivo, que acontece em São Paulo na primeira semana de julho.
“Antes de serem operadas, as pessoas passam por um atendimento psicólogico. Nessa hora, os psicólogos tentam descobrir a origem da obesidade e ajudam os pacientes a resolverem seus conflitos”, conta o médico que falará no Gastrão sobre as estatísticas de cirurgias para redução do estômago no país.
De acordo com o Dr. Faintuch, os Estados Unidos encabeçam o ranking mundial da obesidade. Lá, 60% da população está acima do peso. “Se continuar nesse ritmo, em 30 anos toda a população do país será obesa”, alerta.
No Brasil, os números são mais folgados, mas nem por isso menos importantes: mais de 30 milhões de brasileiros são obesas, o que representa 35% da população total. Esses números aumentam a cada dia. “Mesmo nas regiões consideradas pobres, como o Norte e o Nordeste do país, a cirurgia para redução do estômago é bastante comum. A obesidade chegou aos quatro cantos do país”, conta o Dr. Faintuch.
Ainda segundo o médico, só os obesos mórbidos ? aqueles com o índice de massa corpórea acima de 40 (peso dividido pela altura ao quadrado) ? passam pela cirurgia. “Isso acontece porque essas pessoas correm muito mais riscos do que outros obesos com massa corpórea menor. Um infarto fulminante pode acontecer a qualquer momento.”
Só no Hospital das Clínicas de São Paulo existe uma fila de 800 pessoas que querem se livrar do excesso de peso. A espera está em torno dos dez anos. “Como a demanda é grande, e os custos para esse tipo de cirurgia é alto, as inscrições estão encerradas. Estamos correndo contra o tempo”, conclui o Dr. Faituch.