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O Paraná registra, todos os anos, cerca de 300 novos casos de neurocisticercose, que é causada pelas larvas da Taenia solium – conhecida como solitária -, que se alojam no cérebro. Desse total, cerca de 50 pessoas morrem em decorrência da doença. Ao contrário do que as pessoas pensam, a doença não é transmitida por carne suína, mas sim por alimentos e água contaminados.

A cisticercose é uma doença causada pelas larvas da solitária que atinge o homem. Após duas semanas no organismo, os ovos dessas larvas são eliminados pela fezes. Quando essas fezes são depositadas em locais ao ar livre, os ovos secam e são transportados pelo vento, atingindo as águas e plantações. Segundo explica o professor de neurocirurgia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Affonso Antoniuk, quando entram no organismo, esses ovos se transformam em embriões e entram na circulação, passando por diversas partes do corpo.

A estimativa é que 50% desses embriões se alojam no cérebro, causando a neurocisticercose. "Passando algum tempo, eles morrem e se calcificam, sendo responsáveis pela maioria das causas de ataques epilépticos", explicou. Antes desse processo de calcificação, também podem provocar tumores ou meningites. De acordo com o professor da UFPR, a solitária pode ser eliminada do organismo pela ingestão de vermífugo "que deveria ser tomado por todas as pessoas uma vez por ano". Para evitar o problema, é preciso redobrar o cuidado com o consumo da água, que deve ser mineral ou fervida. Já os alimentos precisam ser lavados em água corrente e as carnes só podem ser consumidas muito bem cozidas ou assadas.

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Notificações

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) notificou, desde 1994, mais de cinco mil casos de neurocisticercose no Estado. A média é de 200 a 300 novos casos por ano. Porém, esses números devem ser muito maiores devido a subnotificação da doença. Entre as regiões mais atingidas estão Guarapuava, Umuarama, Paranavaí e Francisco Beltrão, onde existe um consumo grande de carne.

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Para tentar reverter esses números, a Sesa irá intensificar o trabalho de educação sanitária e investir em informação. O diretor do Centro de Saúde Ambiental da secretaria, Natal Jataí de Camargo, afirmou que hoje os municípios já fazem o tratamento focal nas localidades onde é identificada a cisticercose e a solitária. A proposta, a partir de agora, será informar as pessoas para que possam fazer o autodiagnóstico. "Queremos ensinar as pessoas a olharem para suas fezes e identificarem a solitária, que são anéis brancos de cerca de meio centímetro que carregam de 50 mil a 60 mil ovos que provocam a cisticercose", falou.