Não se pode esquecer de quem não consegue lembrar

?Aquele homem forte e ativo, com inúmeras responsabilidades, não existe mais?, comenta o técnico em informática A.R.P., sobre seu pai, Gilberto, que foi diagnosticado com a doença de Alzheimer. Há quatro anos, este contabilista autônomo, aos 65 anos, de repente, de um dia para o outro, não sabia mais fazer cálculos. Hoje, não escreve nem lê, esqueceu tudo o que aprendeu na profissão. Não consegue fazer sua higiene pessoal sozinho e vive uma turbulência sem fim. ?Acho que não consegue nem mais pensar?, resigna-se o filho.

A doença de Alzheimer, uma patologia descrita há 100 anos pelo médico Lois Alzheimer, é assim mesmo: incapacitante. Lembrado nesta quarta-feira (21), o Dia Mundial do Alzheimer, o mal preocupa médicos e autoridades, já que a expectativa de vida no País vem aumentando, trazendo, com isso, um aumento no número de casos da doença. De acordo com os médicos, a doença do esquecimento ? como também é conhecida – envolve o doente e a sua família. No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, são os familiares que se transformam em cuidadores desses pacientes. Em termos de saúde pública, as preocupações têm foco no bem-estar social, econômico e na qualidade de vida.

Lapsos de memória

O geriatra Rodolfo Augusto Alves Pedrão explica que a doença de Alzheimer tem sua evolução muito lenta e, na maior parte dos casos, precedida de uma fase caracterizada por perturbações de memória, sua principal característica. Cerca de 80% da população idosa procura atendimento médico com queixas de problemas de memória. De acordo com o especialista, o auxílio especializado deve ser buscado quando os lapsos de memória começam a prejudicar a pessoa nos seus afazeres diários.

?Muitas vezes, o esquecimento freqüente se dá por outras causas, como hipotireoidismo, estresse, depressão ou alcoolismo?, esclarece o médico, salientando que, depois de tratados esses eventuais distúrbios, se os esquecimentos persistirem podem sugerir a incidência da doença. Nesses casos, uma investigação neuropsicológica mais abrangente se faz necessária.

O ex-contabilista Gilberto entrou na fase da doença em que a confusão mental predomina, passando a não reconhecer os familiares nem a si mesmo. ?É como o cérebro chegasse ao fim da sua função?, frisa Rodolfo Pedrão. O especialista salienta que, apesar de não existirem medidas preventivas específicas contra a doença, alguns cuidados gerais podem diminuir o risco da sua incidência.

O uso de medicamentos ajuda a retardar a evolução da doença. São medicamentos de custo elevado, e alguns deles apresentam alguns incômodos efeitos colaterais. Por isso, sua prescrição somente pode ser feita pelo médico, após cuidadoso diagnóstico. Alguns remédios de uso contínuo são fornecidos pelo governo. Para recebê-los, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde e verificar se preenche todas as indicações clínicas para uso do remédio e, então, fazer a solicitação. Mesmo que o paciente seja tratado por um médico em clínica privada, ele tem esse direito assegurado por lei.

As fases de evolução da doença

LEVE – Déficit de memória e dificuldades no seu dia-a-dia são justificados como um esquecimento próprio da idade. Começam a surgir outros sintomas, como dificuldade de aprender coisas novas, de raciocínio e cálculo. Falta de concentração e desorientação espacial.

MODERADA – Existe um agravamento de todos os sintomas da fase inicial. O paciente necessita de alguém para cuidar de suas atividades diárias de rotina (se alimentar, vestir e higiene pessoal). Ocorre piora progressiva da memória. Pode apresentar mudança de personalidade, delírios, desconfiança, confusão e alucinações, por vezes com comportamento agressivo e hostil.

FINAL – Nessa fase o paciente encontra-se completamente incapacitado, não consegue mais se comunicar e necessita de cuidados 24 horas por dia, apresentando imobilidade progressiva e perda do controle urinário e fecal.

Para fugir do Alzheimer

*  Ocupar o tempo com atividades mentais.

*  Praticar atividades físicas regulares.

*  Manter uma alimentação saudável.

*  Evitar álcool e cigarro.

*  Respeitar os horários de sono.

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