As mulheres são mais suscetíveis a doenças mentais. E a depressão tem duas vezes mais chances de ocorrer no sexo feminino. Por esta razão especialistas procuram desenvolver e reforçar pesquisas sobre prevenção e tratamento das doenças, desordens ou condições que ameaçam a qualidade de vida. Ontem, profissionais da área de saúde mental de Curitiba e do interior do Estado participaram, durante todo o dia, no Hospital Nossa Senhora da Luz, de mais um curso de atualização promovido pela Sociedade Paranaense de Psiquiatria, que teve como um dos focos a saúde mental da mulher.
O curso, que já discutiu temas como esquizofrenia, transtornos da infância, ansiedade, dependência química, entre outros, nesta edição abordou o transtorno alimentar, qualidade de vida dos pacientes e saúde mental da mulher. Segundo a presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, Sandra Odebrecht Vargas, as mulheres ficam mais predispostas à depressão, principalmente da puberdade ao climatério. “As mulheres devem ficar atentas para os sintomas da depressão, como alterações do humor, ansiedade, sono em excesso ou insônia, alterações no apetite, cansaço, para então buscar tratamentos psicoterápicos”, orienta. Isto tudo ocorre devido à baixa da cerotonina no cérebro.
Entre os fatores mais comuns que podem levar a doenças mentais tem a tensão disfórica pré-menstrual, a depressão pós-parto e o climatério. A tensão disfórica pré-menstrual é acontece quando os sintomas já citados levam às mulheres a limitar sua vida social, profissional, emocional. Os sintomas são humor depressivo, ansiedade, irritabilidade, falta de prazer, dificuldade de concentração, alteração de apetite, sensação de descontrole perante os fatos. Às vezes, os sintomas chegam a ser físico, como aumento de peso e dores nas mamas, articulações. “É um processo recorrente que, se não tratado, pode levar à incapacidade social e profissional”, destaca.
O segundo fator, a depressão pós-parto, começa com tristeza, perda de interesse por tudo, alteração do sono (dorme mais ou menos), cansaço excessivo e baixa auto-estima. O chamado “blues” ? uma tristeza profunda ? acomete cerca de 50% das mulheres entre o quinto e o décimo dia. Dez por cento dos casos são marcados por depressões graves e 1% das mulheres têm psicose pós-parto.
Conforme o quadro, há mulheres que ficam incapazes de cuidar dos bebês. Segundo Sandra, de 10 a 15% que apresentam a depressão acabam se suicidando e 5% matam seus próprios filhos. O tratamento também é a base de antidepressivos e psicoterapia.
O climatério também altera a parte hormonal e segue as mesas características dos demais fatores. A diferença é que nesta fase a doença fica aliada a um aspecto psicológico, de identificação do próprio sexo. “A mulher começa a ter medo de envelhecer e de não poder mais ter filhos. É a fase do ninho vazio (filhos saem de casa) e também o medo de perde a beleza física e não ser mais desejada”, define a médica. Segundo ela, todos os fatores que podem levar a algum problema mental têm tratamento.