Mulheres devem tomar cuidados com depressão depois do parto

A Secretaria da Saúde alerta para os cuidados que as mulheres devem tomar para evitar depressão depois do parto. Segundo a literatura mundial, aproximadamente 15% das mães enfrentam a doença logo depois que dão nascimento a um filho.

Esta alteração do humor, que ocorre depois do parto, é mais freqüente em mães jovens, mas esse quadro clínico pode ser identificado em mulheres de todas as faixas etárias, segundo o médico do Centro Psiquiátrico Metropolitano (CPM), Salmo Zugmann. Ele diz que a falta de apoio afetivo e econômico da família, a não aceitação da gestação e o sentimento de tristeza durante a gestação são alguns fatores que podem levar a mulher a apresentar a depressão pós-parto.

Também, de acordo com o psiquiatra, a perda da placenta faz com que diminua o metabolismo da progesterona, hormônio que serve como calmante natural nas mulheres, provocando indícios do quadro clínico da depressão. ?A inexistência do sentimento maternal, a tristeza profunda, a recusa em cuidar da criança, a vontade constante de chorar, o pensamento de morte são exemplos de sintomas apresentados pelas mães que têm a doença?, conta o psiquiatra da CPM.

Casos

Margarida, nome fictício, de 44 anos, passou por esse problema nas quatro gestações que teve. Ainda hoje faz tratamento no centro psiquiátrico. Segundo ela, a pior depressão pós-parto aconteceu com o último filho, atualmente com 6 anos. ?Foi muito difícil lidar com a situação?, diz a paciente. ?Não sabia o que estava acontecendo. Desconhecia esse tipo de depressão?, continua.

Ela conta que tinha muita vontade de chorar de madrugada e não tinha ânimo para cuidar do bebê, que estava com 8 meses. ?Minha vida era chorar, chorar e chorar. Algumas vezes pensei até em pôr fim à vida do bebê?, relembra Margarida. A paciente diz que, no início da depressão após o nascimento do último filho, sentia muita ânsia de vômito e dores por todo o corpo.

Depois de três anos de muita luta, conforme relata Margarida, ela se sente curada. ?Com todo o apoio que tive da equipe do Centro Psiquiátrico Metropolitano, estou recuperada. Foram muito importantes o acompanhamento psicológico e as terapias de grupo?, recorda.

Médico obstetra há 27 anos no Hospital das Clínicas, Fernando Cezar de Oliveira Júnior relata que as mulheres que desenvolvem hipertensão durante a gestação e não cuidam de uma alimentação adequada favorecem o surgimento da depressão depois do parto. ?Existem pacientes que têm uma gestação normal, mas apresentam esse quadro depois do parto?, observa.

Segundo ele, das 1.728 mulheres que tiveram filhos no ano passado, no hospital, 466 desencadearam a depressão. De acordo com o médico, o apoio da família – principalmente do marido – é fundamental quando nasce a criança, pois a mulher fica muito fragilizada nesse período.

As mulheres que venham a apresentar esse quadro clínico devem buscar apoio psicológico o mais rápido possível. Essa depressão pode ser tratada ?com antidepressivos e psicoterapia?, diz Oliveira Júnior. Fernando Cezar termina afirmando que ?a família precisa entender a depressão pós-parto como uma patologia que precisa ser tratada?.

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