Mulheres com fibromialgia tendem a sofrer disfunção sexual

Estudo da Unifesp mostra que mulheres com fibromialgia têm maior chance de apresentar algum tipo de disfunção sexual. Levantamentos populacionais indicam que a disfunção sexual acomete mais as mulheres (43%) do que os homens (31%) e está associada a diversos fatores físicos, psicológicos ou sociais.

A fibromialgia é uma síndrome que se caracteriza por dor generalizada pelo corpo, atingindo músculos, articulações e coluna e é um dos fatores que podem levar à disfunção sexual.

O objetivo da pesquisa foi avaliar a experiência e a satisfação sexual em pacientes portadoras de fibromialgia. Para o estudo, foram escolhidas 40 mulheres com idade entre 18 a 45 anos, sendo 20 delas portadoras da síndrome e outras 20 pertencentes ao grupo de controle, que não apresentavam dores pelo corpo.

A conclusão foi de que um terço das mulheres portadoras da síndrome relatavam falta de interesse sexual e quase um quarto delas não experimentavam orgasmo. Pouco menos de 20% tinham dificuldades de lubrificação e mais de 20% achavam o sexo desagradável. A somatória desses números mostra ampla prevalência de queixas sexuais femininas.

A médica reumatologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autora da pesquisa, Evelin Goldenberg, afirma que, embora seja um importante indicador da qualidade de vida, ainda são poucos os estudos avaliando a satisfação sexual em pacientes portadoras de fibromialgia. “Novos estudos abordando o tema serão realizados em breve”, afirma Goldenberg.

Outro dado interessante obtido a partir da pesquisa é que as pacientes com fibromialgia, quando comparadas ao grupo de controle, eram na maioria casadas, e foram as que apresentaram maior grau de insatisfação.

Na tentativa de explicar os resultados, a pesquisadora acredita que entre os fatores que contribuíram para a manifestação da fibromialgia estão fadiga, irritabilidade, distúrbios de sono, a própria dor e até insatisfação com o parceiro.

Tratamento

Estudos recentes nos Estados Unidos constataram que entre 2% e 5% da população apresentam fibromialgia, sendo 80% do sexo feminino, com média de idade variando entre 30 e 60 anos.

Além das dores musculares nas articulações e na coluna, outros sintomas muito comuns da fibromialgia são fadiga inexplicável, tontura, depressão (de 25% a 40% dos casos), distúrbios do sono, bruxismo, dor de cabeça e pescoço, irritabilidade e, em algumas pessoas, inchaço no corpo.

O tratamento é dividido em duas etapas: o medicamentoso e o não medicamentoso. Segundo Evelin Goldenberg, a primeira parte do tratamento é assegurar o diagnóstico ao paciente. “Não há exame laboratorial ou de imagem, nem mesmo a ressonância magnética, que consiga apresentar a doença. A detecção é puramente clínica, através de investigação do inventário físico e psicológico da paciente, desde a sua infância”, afirma.

Entre os exemplos de tratamento não medicamentoso estão a aplicação de exercícios físicos de forma lenta, progressiva e sob orientação médica, devendo o paciente evitar as academias de ginástica. Para casos de ansiedade, é recomendada a terapia cognitiva comportamental. Outro tratamento possível é a acupuntura.

Já entre os medicamentosos estão alguns antidepressivos, anticonvulsivantes, analgésicos e antiinflamatórios e também alguns analgésicos tópicos, como a capsaicina, que é o princípio ativo da pimenta vermelha, utilizado de forma tópica sobre a pele.

Além desses medicamentos, a grande novidade, conforme revela a publicação de setembro da revista científica norte-americana Arthritis & Rheumatism, é o uso da duloxetina, que age tanto na serotonina como na norepinefrina mostrando bons resultados no controle da dor de pacientes, mesmo aqueles que não apresentam depressão.

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