O Ministério Público Estadual (MPE) abriu inquérito civil para apurar denúncia de que vereadores de Sorocaba (SP) usam o cargo para furar a fila de atendimento no sistema público de saúde da cidade. Alguns procedimentos, como cirurgias oftalmológicas ou ortopédicas, chegam a demorar dois anos para serem realizados na Policlínica Municipal ou em hospitais conveniados. Pacientes que procuram os vereadores conseguem antecipar o atendimento.
Pelo menos dez vereadores de vários partidos encaminharam pessoas doentes ao secretário da Saúde, Ademir Watanabe, pedindo “atendimento urgente” ou “antecipado” em relação aos demais pacientes. O promotor Orlando Bastos Filho, do MPE em Sorocaba, viu na prática indícios de improbidade administrativa e tráfico de influência. Ele vai requisitar os ofícios encaminhados pelos vereadores à Secretaria da Saúde e também deve convocar os vereadores para prestar depoimentos.
A Secretaria informou que o encaminhamento feito pelos vereadores é normal, mas apenas os casos avaliados como urgentes pelos médicos do município ganham preferência no atendimento. O secretário Watanabe informou ter ampliado em três horas o atendimento diário na Policlínica para reduzir a fila. Também disse que todos os pacientes encaminhados serão submetidos a exame prévio para detectar o grau de urgência no atendimento.
José Maria Tomazela