Morando sozinhos, mas com saúde

Até alguns anos eram poucas as pessoas que moravam sozinhas. As famílias tinham por hábito abrigar os parentes solitários. O tempo passou e, hoje, as pessoas casam mais tarde e os casamentos duram menos, assim o número de pessoas morando sozinhas aumentou significativamente. Ser solteiro pode ter lá suas vantagens, mas na hora das refeições bate aquela nostalgia da ?comida da mamãe?. Na maioria das vezes, o jantar do solteiro acaba sendo um sanduíche, um prato de miojo ou aquela indefectível pizza.

No Brasil, estima-se que existam cerca de cinco milhões de solteiros(as), descasados(as) e viúvos(as), que não têm com quem dividir a casa, as despesas e a comida na despensa. Dados do IBGE apontam que o número de solitários cresce, em média de 6% ao ano. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) estima que, nos últimos 18 anos, o número de pessoas que moram sozinhas cresceu 41%. Na maioria dos casos, são homens de 25 a 49 anos, de classe média, com escolaridade de média a superior, vivendo em casas confortáveis, independentes e com média de renda de R$ 1,9 mil.

Alimentos nutritivos

Com exceção de quem gosta de cozinhar, as pessoas que vivem sozinhas costumam se alimentar em horários pouco regulares, além de consumir produtos industrializados em maior quantidade. De acordo com a nutricionista Elsy Oraa, essas pessoas precisam ter muito cuidado com problemas, como a obesidade e o colesterol alto. Uma boa dica, segundo a especialista, é diminuir a ingestão de alimentos ricos em gorduras animais encontradas em carnes vermelhas, queijos amarelos e produtos embutidos como o salame. ?As frituras também devem ser evitadas e o consumo de bebidas alcoólicas deve ser moderado?, salienta.

Morar sozinho e comer bem não é tão difícil assim. Escolher semanalmente um cardápio e chegar em casa sabendo o que vai comer naquela noite após um dia atribulado de trabalho é possível e proporciona um bem enorme à saúde, facilita a perda e a manutenção do peso ideal e auxilia o solteiro a organizar a própria vida.

A maioria das pessoas se diz desestimulada em preparar refeições individuais. ?Mal sabem eles que se o problema for solidão, nada melhor do que uma comidinha carinhosamente preparada para acalentar e evitar a compulsão por alimentos nocivos à saúde?, afirma a endocrinologista e nutróloga Ellen Paiva, do Centro Integrado de Terapia Nutricional.

Por outro lado, se o problema for preguiça, recomenda a especialista, nada mais estimulante do que aprender a cozinhar de forma prática, versátil e saborosa. Acostumando-se a isso, os solitários nunca mais lançarão mão de sopões ou shakes, garante a médica, pois aprenderão que podem comer muito melhor e serão mais exigentes com relação às suas refeições.

Evitar comidas ?prontas?

De acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, divulgada pelo IBGE, as pessoas que moram sozinhas gastam mais com alimentos. Elas adquiriram mais alimentos, inclusive, do que casais com filhos. Segundo o IBGE, o desperdício de alimentos de quem mora sozinho também é maior. ?Como alguns produtos não são vendidos em pequena quantidade, os alimentos estragam mais rapidamente e tendem a ser substituídos com uma maior rapidez?, reconhece Ellen Paiva. De acordo com os terapeutas, quando se mora sozinho, é preciso saber conviver com essa questão, principalmente quando a questão é uma alimentação saudável.

A nutróloga recomenda que o melhor a fazer é evitar os ?deliveries?, os shakes, os sopões, assim como os mesmos sanduíches todos os dias. ?Esses alimentos têm deixado as pessoas insatisfeitas com a monotonia da alimentação, além de aumentar em muito a predisposição à obesidade e outras comorbidades?, garante a médica. O ideal é aprender a cozinhar, inicialmente o básico, para testar suas habilidades. De acordo com a especialista, preparar refeições saudáveis só traz benefícios. ?Esta é a melhor aposta para quem mora sozinho?, reforça.

Como montar o cardápio de solteiro

Recomendações importantes para quem mora sozinho e deseja se alimentar bem

>    O cardápio da semana deve ser preparado no sábado, o que possibilita a compra apenas dos itens necessários para aquela semana.

>    Escolha um alimento que contém proteínas para consumo diário (carnes, peixes, ovos).

>    Associe um carboidrato à proteína (arroz, batata, pão, mandioca ou macarrão).

>    Estabeleça uma salada

para a semana com verduras/legumes que tenham maior durabilidade.

>    Escolha uma fruta da estação em estágios diferentes de amadurecimentopara que possa ser consumida durante toda a semana.

>    Sempre dobre a quantidade de alimento a cozinhar, para ser congelado e consumido em outra ocasião.

>    Eventualmente, pode-se preparar um lanche com pão e rosbife e patês, utilizando maionese light. Uma salada é sempre uma ótima acompanhante.