O mioma é o tumor mais freqüente na mulher. Não é câncer e sua transformação para câncer é raríssima. Sua origem é da própria fibra muscular que constitui o corpo uterino (miométrio), que inicia uma proliferação reproduzindo exatamente a mesma fibra muscular, com arquitetura modificada para estruturas ovaladas, como se fossem pequenos “novelos da lã”, que se desenvolvem dentro do miométrio.
Sua localização é de extrema importância para avaliação da necessidade de se operar ou não. Podemos encontrar os nódulos de mioma em 3 posições: a) sub-mucosos, bem junto ao endométrio (tecido interno do útero, que menstrua todo mês), b) intra-murais, no interior do miométrio ou c) sub-serosos, bem perto da camada externa do útero.
As queixas mais frequentes relacionadas ao aparecimento de miomas são: aumento do fluxo menstrual, podendo chegar a ocorrência de coágulos, dor no baixo ventre ou na relação sexual, aumento do volume abdominal e dificuldades para engravidar.
Os meios para se diagnosticar os miomas são: através do exame ginecológico de rotina, a ultrassonografia transvaginal, onde podemos evidenciar perfeitamente a localização e tamanho deles.
Também a histerossalpingografia, exame com contraste para delimitar a cavidade uterina e permeabilidade tubárea, pode evidenciar falhas de enchimento da cavidade uterina, que devem ser esclarecidas na maior parte das vezes com a vídeo-histeroscopia, exame que por meio de uma ótica e câmera acoplada, filma todo trajeto interno do colo e corpo uterino, mostrando se esta falha é um mioma sub-mucoso ou outras alterações, que também devem ser tratadas.
Uma vez feito o diagnóstico, quando operar? Sempre?
Não, a avaliação de seu ginecologista será primordial para lhe dizer quando fazer tratamento clínico ou operar. Em geral, opera-se os casos que estão com muitos sintomas, por exemplo hemorragias mensais, que levam até a anemia, dores tipo cólicas, que não se controla com antiespasmódicos, ou aqueles úteros muito volumosos ( acima de 300 cm3 ).
O tratamento clínico com medicamentos que diminuem o desenvolvimento do mioma (hormônios específicos para isto) é possível para aqueles miomas pequenos ou quando se quer preservar a paciente de cirurgias.
Isto porque o medicamento não “dissolve”‘ o mioma, mas atrofia seu desenvolvimento, podendo ocorrer novamente o crescimento com a parada do medicamento.
Às vezes, este tempo já é suficiente, por exemplo, para que a paciente entre na menopausa e a queda natural dos hormônios faça a involução dos miomas, ou mesmo dar um tempo necessário para que a paciente faça um tratamento e engravide, protelando uma decisão de se fazer uma cirurgia. Hoje, tem-se dado preferência sempre por cirurgias menos agressivas, mais conservadoras, mas que possam resolver a situação.
As miomectomias (retirada somente do mioma) são sempre nossa escolha, quando se pensa em preservar o futuro reprodutivo da paciente, aquelas que estão fazendo tratamento para engravidar ou ainda não engravidaram até os 40 anos, isto porque as novas técnicas de Reprodução Assistida melhoraram muito as chances de gravidez, mesmo em mulheres acima dos 35 anos.
Outra opção é a miomectomia por video-histeroscopia, onde se pode retirar os miomas sub-mucosos sem corte no abdome, mas usando-se a filmagem da cavidade uterina e equipamento cirúrgico que “raspa e coagula” o mioma pela parte interna do útero .