Ministério da Saúde lança plano contra aids entre gays

O Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira (25) um plano específico de enfrentamento da aids entre gays e travestis. As medidas tentam atender a antigas reivindicações de organizações não-governamentais (ONGs) e barrar uma tendência preocupante: o aumento de casos da infecção entre homossexuais jovens. Em 1996, relações homo ou bissexuais respondiam por 24,8% da forma de contaminação entre jovens de 13 a 24 anos. Em 2006, esse porcentual havia subido para 41,1%. O número de casos provocados em relacionamentos heterossexuais também aumentou no período, mas de forma menos acentuada. Em 1996, respondia por 21,5% do total de ocorrências entre 13 e 24 anos. Depois de dez anos, essa porcentagem passou para 32,6%.

Além das providências, foram feitos cem mil cartazes adesivos e 500 mil impressos especialmente para o público gay, que deverá ser distribuído em locais específicos, como saunas e bares. No cartaz, está estampada a figura de um homem nu, deitado sobre um leito de preservativos. Uma versão de folhetos explicativos sobre como se pega ou não a doença foi feita para o público homossexual. No lançamento da campanha, o ministro José Gomes Temporão disse estar convicto de que a iniciativa desagradará a alguns setores da sociedade. "Não vamos nos iludir. Há ainda muito preconceito, muito obscurantismo, muito fundamentalismo. Mas estamos do lado da razão neste processo", afirmou.

O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, afirmou que as idéias preconcebidas se refletem até mesmo no uso de recursos para a prevenção da enfermidade. Somente 3% dos recursos são destinados a ações gays. Na Região Norte, disse, esse público recebe apenas 1,7% de todas as verbas de precaução. Na Região Sul, 1%. A maior taxa é encontrada na Região Sudeste – mas ainda bem aquém do que é preciso: 4%.

A população homossexual tem uma vulnerabilidade 11 vezes maior de infectar-se pelo HIV do que a heterossexual. O risco de adoecer também é mais elevado: 18 vezes maior que a população heterossexual. Para o ativista Mário Scheffer, do Grupo pela Vidda, é indispensável ações específicas para o público gay. Mensagens gerais, afirma, são importantes. Mas não suficientes. A última campanha destinada para os homossexuais ocorreu em 2002.

Início

"No início da epidemia, havia uma grande militância das ONGs na prevenção em áreas freqüentadas por homossexuais e bissexuais", afirmou. Algo que se perdeu com o tempo. "Hoje, a doença não mobiliza como antes. Há muito menos voluntários, as ações são diferentes." As propostas do programa, porém, são bastante genéricas. Durante o lançamento, foi anunciado um edital de R$ 1 milhão para financiar paradas no País e outro R$ 1,5 milhão a ações de cautela voltadas para esse grupo.

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