Pergunte a sua mãe ou a sua avó e vai descobrir que todas elas, assim como você, já comeram mingau na infância. Isso porque, além de saboroso, o alimento é rico em cálcio e carboidrato, dois nutrientes essenciais para o organismo do bebê. O mingau tem fácil aceitação pelo bebê, porque é adocicado e tem consistência pastosa. “Quando nascemos, o nosso paladar tem preferência por doces. Além disso, a criança aceita melhor preparações mais lácteas”, ensina a nutricionista Camila Leonel, da Unifesp. Mas, até que ponto o mingau pode entrar na alimentação infantil? Como ele deve ser oferecido à criança? A nutricionista Camila Leonel dá dicas de como o alimento deve auxiliar as mães na hora de fornecer energia aos pequenos.
Substituição de refeições
O mingau pode ser feito basicamente de cereais, como a aveia, e amido de milho. Para prepará-lo, basta adicionar leite e um pouco de açúcar. Fácil de preparar, porém, existem algumas restrições que as mães devem levar em consideração. “Como o bebê costuma gostar de mingau, algumas mães pecam em trocar a papinha de legumes e de frutas pelo mingau, o que pode ser preocupante”, diz Camila Leonel.
A nutricionista explica que a papinha oferece ferro e vitamina C para a criança. Se essa refeição é substituída, o bebê pode apresentar carência desses nutrientes. “O mingau oferece uma carga grande de energia para a criança, mas não os nutrientes necessários para o pleno desenvolvimento.”
A mãe deve sempre lembrar que, até pelo menos 2 anos de idade, o bebê precisa tomar leite materno. Por isso, os demais alimentos devem ser intercalados com a amamentação da criança.
Falta de costume com os demais alimentos
A partir dos seis meses de idade, a mãe deve introduzir, de forma lenta e gradual, outros alimentos para que a criança comece a experimentar diferentes consistências, de acordo com os especialistas e o guia alimentar para crianças menores de dois anos “Dez passos para a alimentação saudável”, do Ministério da Saúde. “O estímulo à mastigação é muito importante. Quando os dentinhos começam a aparecer, o bebê precisa ser ensinado a ter controle maior da mastigação e controle maior da língua. Por isso, é importante que a consistência do alimento seja diferenciada”, diz a nutricionista da Unifesp.
Sem excessos
É preciso atenção para não cometer dois tipos de exageros: na quantidade de mingau dada para o bebê ou na quantidade de açúcar usada no preparo. Algumas mães costumam dar muito mingau ao bebê, o que é ruim para o senso de saciedade da criança. “O gosto por doces pode ficar cada vez maior, podendo levar a um quadro de sobrepeso infantil ou até mesmo obesidade”, explica Camila Leonel.
A grande quantidade de açúcar, além de levar a um quadro de ganho de peso, também pode provocar o aparecimento de cáries nos dentes da criança, gerando incomodo e desconforto para o bebê e para a mãe. “Uma colher rasa de chá de açúcar é o máximo que a mãe deve colocar no mingau”, diz a nutricionista.
Mingau do bem
Agora que você já sabe o que pode estar fazendo de errado pelo seu filho, descubra como contornar o quadro.
– Varie o cardápio: a nutricionista Camila Leonel ensina que o alimento não pode ser oferecido à criança todos os dias. “O ideal é que a mãe dê mingau como opção de lanche ou de café da manhã, de duas a três vezes por semana, para que a criança se acostume a variar o cardápio.”
– Inclua cereais: para deixar o alimento mais nutritivo, as mães podem optar pelo mingau de aveia, bem triturada para que a criança não engasgue. Assim, o mingau fica mais integral e mais rico em fibras. Além disso, é melhor que se utilize o leite materno ou os leites específicos, como o Nan. O leite de vaca só é aconselhável para crianças maiores de um ano de idade, por ser muito forte.
– No prato: a criança deve comer o mingau com a colher e não tomá-lo na mamadeira, como algumas costumam fazer. “Comer de colher estimula o senso de saciedade da criança e o controle do seu próprio alimento. A quantidade maior do que deveria faz mal, pois a criança tem a capacidade gástrica mais limitada”, diz Camila Leonel.