Metabolismo descontrolado

A costureira Nancy Soares Pereira passou por diversos consultórios médicos para descobrir que a doença que a deixava cansada, sonolenta e com incômodos distúrbios menstruais, era o hipotireoidismo, uma das principais disfunções da glândula tireóide. Conforme dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a doença atinge cerca de 5% da população, prevalência que, entre as mulheres com mais de 35 anos de idade, chega a 12%. A finalidade dessa glândula, localizada na base do pescoço, é produzir, armazenar e liberar hormônios no organismo.

A endocrinologista Gisah Amaral de Carvalho, professora de endocrinologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em tireóide, explica que, se os níveis desses hormônios estão baixos (hipotireoidismo), o corpo funciona em marcha lenta, trazendo as conseqüências sentidas por Nancy; por outro lado, com o aumento desses níveis (hipertireoidismo), o organismo fica acelerado, trazendo sintomas de agitação, irritação e insônia.

Segundo a especialista, que é vice-presidente da regional paranaense da Sbem, a peregrinação da costureira se justifica, já que os sintomas da doença, entre eles, aumento de peso, queda de cabelo, ressecamento da pele, sensação de cansaço, alteração da menstruação, fraqueza e baixa produtividade intelectual, podem ser associadas a outras patologias. Gisah de Carvalho adverte que, se não tratado adequadamente ou diagnosticado precocemente, o hipotireoidismo pode trazer sérias conseqüências para todo o organismo. ?Em todos os órgãos existem receptores para os hormônios produzidos pela tireóide. Se ela estiver desequilibrada, o órgão receptor também poderá ser afetado pelo problema?, esclarece.

Desequilíbrio hormonal

Quando há desequilíbrio hormonal, como no caso de Nancy Pereira, o tratamento pode ser considerado simples, sendo adequado a cada paciente. Essa rotina tende a se repetir pelo resto da vida, já que a doença pode se tornar crônica. Desde 1950, os cientistas vêm estudando as conseqüências provocadas pelo funcionamento irregular da tireóide. Dos estimados 4% da população que é portadora da doença, muitas pessoas não apresentam sintomas ? daí a importância do exame de sangue (TSH), a forma mais adequada e confiável para o diagnóstico do distúrbio.

Pesquisadores tentam descobrir se fatores ambientais, como a poluição por agrotóxicos, gases ou outras substâncias químicas, estariam favorecendo um aumento significativo na incidência da doença. A constatação de que o hipotireoidismo vem aumentando são confirmadas pela Sbem que se baseia na experiência dos seus associados.  

A causa mais importante para o desencadeamento da doença é um desequilíbrio hormonal, provavelmente advindo de características genéticas. ?Para muitas mulheres, o gatilho para o surgimento do distúrbio pode chegar com a menopausa?, ressalta a médica. Nesta fase, muitas se queixam de fraqueza, falta de fôlego, concentração e lapsos de memória.

Ao mesmo tempo em que surgem as dúvidas sobre um aumento real na incidência da doença, os especialistas lembram que os diagnósticos que identificam o hipotireoidismo melhoraram; conseqüentemente, os medicamentos também evoluíram. Gisah de Carvalho esclarece que a moléstia não tem nenhum tipo de prevenção. ?A única forma de reconhecê-la no seu início é por meio de um rastreamento (dosagem de hormônios) freqüente. ?Para mulheres que já passaram pela menopausa, essa investigação deve ser anual?, recomenda.

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