Memória e envelhecimento

Uma queixa freqüente, principalmente das pessoas com mais de 40 anos, é a de que a memória não é mais a mesma que a da juventude, principalmente para fatos recentes. Embora possam ocorrer em qualquer idade, falhas de memória tornam-se mais comuns à medida que avançamos no tempo. Esta situação chamada de esquecimento senescente benigno (ESB) serve para designar leves problemas de memória presentes em idosos normais, não interferindo nas atividades da vida diária. Persistindo o sintoma, o paciente deve ser melhor investigado, não sendo normal um comprometimento da memória, mesmo em pessoas com idade avançada.

Memória é a capacidade de armazenar informações no cérebro para utilizá-las posteriormente. Captadas pelos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato, as informações a serem guardas são processadas e armazenadas, ao nível do cérebro, nas regiões do hipocampo e córtex, sendo lembradas quando solicitadas. A memória a curto prazo trabalha com acontecimentos mais recentes, enquanto a memória a longo prazo conserva e processa os acontecimentos que devem ser mantidos na memória acumulados durante a nossa vida.

Déficit de memória pode ser sintoma de hipotireoidismo, depressão, melhorando com o tratamento, demências, estresse crônico, seqüela de traumatismo de crânio ou acidente vascular cerebral, abuso de álcool, medicamentos sedativos e hipnóticos ou, mesmo, falta de concentração e excesso de informação.

O próprio processo de envelhecimento determina alterações tanto anatômicas como funcionais e bioquímicas, responsáveis por vários sintomas, como falhas de memória, porém, não o suficiente para caraterizar uma doença. A memória precisa ser treinada, praticada e alimentada corretamente, para que as suas capacidades de acondicionamento de informações sejam aproveitadas.

Em seguida, eis algumas medidas para ajudar a preservar a memória. Não utilizá-la leva a sua perda:

1. Procure manter a saúde tanto física como mental e social, cultivando hábitos saudáveis de vida e realizando exames médicos periódicos;

2. Estimule a memória por meio de jogos que envolvam raciocínio, palavras cruzadas, aprendizado de uma língua, cursos, leituras, palestras, escolhendo atividades que lhe dêem prazer.

3. Converse com familiares e amigos. Mantenha uma vida social constante. Cultive um hobby que seja do seu agrado;

4. Preste atenção às informações que recebe; caso contrário, os mecanismos naturais de fixação não funcionam;

5. Reduza a carga de estresse com técnicas de relaxamento e a prática regular de exercícios físicos;

6. Procure praticar uma atividade diferente daquela que você exerce normalmente, saindo da rotina;

7. Use e abuse da agenda, pois não podemos nos lembrar de tudo;

8. Não aceite alterações da memória como próprias da idade; isto poderá ser o início de uma doença cada vez mais freqüente na população idosa, que é o mal de Alzheimer, que tem como sintoma predominante o declínio da memória e que poderá, na sua fase pré-clínica, onde o sucesso terapêutico é maior, ser confundida com o próprio envelhecimento.

Luiz Bodachne

é médico geriatra do Hospital Universitário Cajuru.

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