Sheyla Fabrícia Corrêa. |
Para muitas pessoas, a visita ao dentista está associada a dor e ao sofrimento. Apesar de não existir estatísticas oficiais, alguns profissionais apostam que 90% dos pacientes têm medo de iniciar um tratamento. A saída para mudar esse quadro tem sido investir em técnicas e equipamentos que deixem o paciente “à vontade” na cadeira.
Para a cirurgiã-dentista Sheyla Fabrícia Corrêa, o medo ou receio do dentista vem de um consciente coletivo onde a figura do profissional sempre foi aliada a procedimentos dolorosos, onde se utiliza agulhas e outros objetos invasivos. Mas, para ela, a explicação está ligada ao estresse do dia-a-dia, “aliado à exposição de um procedimento que ele não conhece”. Para quebrar o gelo, Sheyla vem utilizando no consultório uma série de técnicas.
A primeira foi a cromoterapia. As paredes do consultório receberam tintas nas cores azul e verde, que remetem ao relaxamento e a cura. Uma televisão foi instalada no teto, e o paciente fica com o controle remoto para decidir qual canal quer assistir. Assim como ele pode trazer o CD preferido para ouvir durante o tratamento. Mas a vedete do consultório é o colchão relaxante. O material é almofadado e emite vibrações em ritmos diferentes por todo o corpo. “Quando percebo que o paciente está muito tenso, deixo ele por uns dez minutos na cadeira para relaxar antes de iniciar o trabalho”, conta Sheyla.
Laser
Uma tecnologia nova e indolor é o uso do laser em alguns procedimentos odontológicos. O cirurgião-dentista Fabiano Augusto Sfier de Mello garante que esse equipamento reduz em 70% a utilização da broca e de anestesias, e também pode ser usado no alisamento de raízes, em casos de periodontia, reduzindo para apenas 20% o emprego de anestésicos. Além disso, a ação do laser é bacterecida e proporciona maior adesão à resina.
“A maioria dos clientes que procuram o tratamento é pelo medo ou estresse que os aparelhos causam”, disse Mello. Segundo ele, o tempo de trabalho com o laser ou equipamentos convencionais é o mesmo, mas há um ganho no tempo operatório, já que não é necessário anestesia. Mas para quem pensa que os dias de “tortura” acabaram, o dentista salienta que existem alguns casos em que o laser não pode ser usado. Entre eles, as intervenções em dentes restaurados com amálgama – restaurações escuras. “Como ele é composto por mercúrio, a ação do laser provoca a volatilização do produto e pode intoxicar o paciente”, explicou.
Há doze anos, o cirurgião-dentista Santo Gentil Forene aplica uma técnica pouco difundida, mas que tem um efeito muito positivo para os pacientes com medo de dentista. Antes de iniciar o tratamento, eles são submetidos a uma seção de hipnose. Em alguns procedimentos, a técnica pode até substituir a anestesia. Forene comenta que a aplicação da hipnose na odontologia exige muita dedicação do profissional e do paciente. “É preciso estar muito interado da necessidade do paciente durante o tratamento, e ele precisa confiar no profissional”, falou.
Além do relaxamento, uma das principais vantagens da hipnose é que o paciente fica mais susceptível ao tratamento. “Ele fica com uma memória positiva e acaba perdendo o medo”, disse. A hipnose já é ofertada como um curso de aperfeiçoamento para odontólogos, e tem atraído muitos alunos.
E a curiosidade da técnica e seus resultados foi o que motivou o acadêmico do quarto ano do curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), Augusto Camilotti. Ele conta que passou pela experiência de ser hipnotizado durante uma aula prática, e diz que a experiência foi muito boa. “Acho que ela traz benefícios não só durante o tratamento, mas te deixa relaxado ao longo do dia”, falou. Camilotti relata que aplicou a hipnose em uma paciente que tinha pânico de dentista, que chegou a abandonar a cadeira em várias tentativas de tratamento. “Eu utilizei a técnica com ela e depois da quarta consulta consegui desbloquear o medo e concluir o tratamento”, finalizou.