José Carlos afirma que a questão é muito mais ampla. |
“A cirurgia plástica é viável em qualquer idade.” A afirmação é do presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional Paraná -, José Carlos Miranda, que defende que a especialidade médica é muito mais ampla do que uma questão estética, e que mesmo em adolescentes a cirurgia plástica deve ser encarada com naturalidade.
Segundo Miranda, antes de adotar qualquer procedimento, é preciso avaliar a real necessidade da cirurgia, principalmente se é uma correção de defeito visível que poderá afetar no comportamento da pessoa. “Um adolescente, por exemplo, que tem um nariz avantajado e é sempre motivo de gozação entre os colegas. Isso com certeza afeta o seu comportamento, o tornando uma pessoa introvertida ou até mesmo agressiva. Essa pessoa tem direito de fazer a correção e aliviar o problema, que afeta principalmente o lado psicológico”, explica o médico. A mesma lógica é empregada para pessoas que têm outras imperfeições, como orelhas desproporcionais, lábio leporino ou cicatrizes.
Para Miranda, a influência dos meios de comunicação tem levado alguns avanços nos relacionamentos entre pais e adolescentes. “Hoje existe uma liberdade maior entre essas gerações”, diz. A influência desses veículos, porém, também pode ser negativa quando afeta as decisões dos adolescentes, que acabam adotando padrões incompatíveis com a realidade. “Nesse ponto deve prevalecer o bom senso dos pais”, comenta. Uma dessas influências está no padrão estético imposto, quando muitos adolescentes, principalmente as meninas, querem obter corpos perfeitos e acabam procurando clínicas para a realização de cirurgias plásticas.
Segundo Miranda, é preciso saber avaliar a indicação desse processo, pois muitas vezes com outras intervenções é possível obter bons resultados. “Os pais precisam consultar várias opiniões de especialistas, como nutricionistas, endocrinologistas ou psicólogos antes de definir por uma cirurgia plástica”, comenta. No caso de meninas acima do peso e que acreditam estar com os seios grande demais, é possível que isso seja apenas gordura, problema que pode ser resolvido com a redução de peso. “A cirurgia de redução de seio nesse caso pode causar um problema no futuro, pois essa paciente poderá necessitar de uma prótese mais tarde”, orienta. A lipoaspiração em adolescentes também deve ser analisada com cuidado. O médico afirma que, dependendo da idade, a intervenção pode influenciar no desenvolvimento e, se a gordura for retirada em excesso, pode provocar imperfeições no corpo.