Medicamentos, nem mais nem menos

Um comprimido no começo da manhã, aquele outro antes do almoço, uma vitamina no meio da tarde e, para finalizar, mais um, igual aquele tomado pela manhã. Não é exagero nem casos esporádicos. É assim mesmo. Muitas pessoas, principalmente os idosos, tomam vários medicamentos ao longo do dia ? e da noite também. Imagine se a pessoa não se importa com o horário nem com a quantidade indicada para cada medicamento. O risco é a soma dos remédios tomados ultrapassar a dose prescrita pelo médico e ocasionar graves problemas de saúde.

?Imagine um paciente diabético, obrigado a tomar um remédio para diminuir a glicose no sangue – se ele tomar outro medicamento que potencialize essa ação, pode ter uma hipoglicemia grave?, alerta o farmacêutico Jackson Rapkiewicz, do Centro de Informações sobre Medicamentos do Conselho Regional de Farmácia do Paraná. Para ele, os riscos de se ingerir um medicamento inadequadamente são muitos, podendo ocorrer principalmente falha na ação esperada, com risco de agravamento do problema, entre outros efeitos negativos.

Acima do recomendado

Uma recente pesquisa concluiu que muitas pessoas (sobretudo os idosos) tomam mais remédios do que realmente precisam. Além disso, o levantamento verificou dois graves erros: muitos tomam remédios por conta própria e outros extrapolam as doses recomendadas pelos médicos. Pior ainda nos casos em que há mais de um médico envolvido no tratamento. Nesse sentido, Rapkiewicz lembra que a preocupação com a interação de medicamentos é de responsabilidade tanto do médico, que deve investigar quais os remédios que o paciente está tomando, quanto do farmacêutico, que deve passar as orientações na hora de entregar o medicamento.

O resultado do levantamento pode ser considerado alarmante. A constatação é de que quase 70% dos entrevistados são adeptos da politerapia, ou seja, utilizam dois ou mais medicamentos ao mesmo tempo todos os dias. Assim como poucos não tomam nenhum remédio, a pesquisa constatou que um número considerável de pacientes toma até sete remédios ao mesmo tempo diariamente. Com relação à automedicação, mais de 50% dos pacientes assumiram que ?de vez em quando? usam remédios sem prescrição médica.

Informações detalhadas

O procedimento é quase sempre o mesmo. Ao sentir dor ou perceber qualquer problema de saúde, o primeiro passo é buscar o tratamento para se ver livre da sensação de desconforto. Alguns pacientes procuram um médico para receber orientações corretas sobre o remédio que devem usar. ?Outros tomam essa atitude precipitada e preferem se automedicar?, confirma Leonardo Pereira, coordenador da pesquisa.

O pesquisador citou que a falta de acompanhamento do médico em relação ao uso do remédio pelo paciente e a veiculação de propaganda de medicamentos, aliadas à venda indiscriminada, contribuem para que eles sejam comprados sem qualquer prescrição médica. Os médicos alertam que esse costume pode trazer conseqüências desagradáveis, principalmente pelas reações desconhecidas entre as substâncias que entram na formulação dos remédios consumidos. Salientam, também, que a automedicação é uma questão bem mais séria.

Para evitar situações de risco, as opções passam pelo envolvimento familiar, principalmente no caso de pacientes idosos, e de uma maior preocupação da classe médica e farmacêutica, em passar as informações detalhadamente sobre os medicamentos que o paciente está tomando.

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