Carreira profissional, estabilidade financeira, viagens, conforto, casamento estável e a liberdade de uma vida a dois são algumas das prioridades da mulher moderna, que cada vez mais adia a data de realizar a vontade de se tornar mãe, esperando a maturidade emocional e profissional. Mas, com o passar dos anos, essa decisão pode acarretar comprometimentos que, muitas vezes, chegam a inviabilizar o sonho de gerar filhos. A explicação dos especialistas é de que, com o envelhecimento, o aparelho reprodutor fica sujeito a uma série de fatores (internos e externos) que fazem diminuir as chances de engravidar. Doenças, como endometriose e infecções pélvicas, além de outros distúrbios, são mais ocorrentes à medida que a idade avança.
Mas para diversos casos a solução existe e está mais próxima do que se imagina. ?Um diagnóstico negativo não significa a impossibilidade de se ter um filho, mas a necessidade de buscar ajuda especializada?, explica Ricardo Teodoro Beck, do Centro de Reprodução Humana Curitiba (CRH). Segundo o especialista em fertilização humana Raul Nakano, a idade e a fertilidade estão inversamente relacionadas. ?Por isso, o envelhecimento do sistema reprodutivo desempenha um papel-chave nos casos de infertilidade?, argumenta. De acordo com o médico, biologicamente, o ideal é a mulher ter o primeiro filho entre os 23 e 25 anos, ?quando há 20% de chance de engravidar por mês?. Com o passar dos anos essa probabilidade vai diminuindo. Aos 35 anos, por exemplo, chega a menos de 10%. ?Atualmente, é possível afirmar que a dificuldade de engravidar pode estar tanto no homem quanto na mulher, com 50% de probabilidade de problemas para cada sexo?, explica a bióloga Elisângela Böhme.
Por tornar-se cada vez mais difícil uma gravidez tardia, a mulher deve analisar com seriedade os prós e os contras e definir com segurança o momento mais oportuno para se tentar a primeira gravidez. Nakano adverte que o casal deve estar consciente das dificuldades que poderão ocorrer, salientando que, nos casos em que o casal venha a necessitar de ajuda médica para a fertilização, podem contar com os especialistas e as clínicas brasileiras, que estão entre as mais avançadas nas áreas de fertilização in vitro e inseminação artificial.
Infertilidade conjugal
A inseminação artificial, por exemplo, tem índice de sucesso que varia de 10% a 25% por ciclo e o método deve ser tentado por três ou quatro ciclos. ?É indicada em casos de defeitos endocervicais, muco cervical hostil, distúrbio discreto do sêmen, entre outras particularidades que impossibilitem a fertilização natural?, explica Nakano.
Por seu lado, a fertilização in vitro é um dos métodos mais utilizados, chegando a índices de até 45% de chance de sucesso por tentativa. ?Em pacientes mais jovens, esse número pode chegar a 65%?, observa o especialista. Nessa técnica, são retirados os óvulos da mãe, que, depois de fertilizados em laboratório com o esperma do pai, são transferidos para o útero materno. Nas pacientes mais jovens são transferidos entre dois e três embriões, nas de mais idade, até quatro embriões.
Estatísticas mundiais apontam um limiar de 12 meses para definição de infertilidade conjugal. Também apontam que, após os 35 anos de idade, mais de um terço das mulheres encontra dificuldades para a concepção dentro de um ano. “A mulher nasce com todos os óvulos cerca de 400 mil, consumindo cerca de 500 a 1.000 por mês. Mensalmente, apenas um único óvulo amadurece e vem a ovular, e o estoque de óvulos diminui ao longo da vida – desde o nascimento até a chegada da menopausa?, esclarece o médico. Assim, a falência ovariana ocorre quando todos os óvulos se esgotam, chegando na fase da menopausa, quando cessa a produção dos hormônios estrógeno e progesterona.
OUTROS MÉTODOS DE FERTILIZAÇÃO ASSISTIDA
GIFT (Transferência Intratubária de Gametas) – consiste na transferência de óvulos (coletados da mãe) à trompa junto com o esperma do pai.
Indução da ovulação e coito programado – é um método que estimula os ovários a produzir um pequeno número de óvulos (cerca de três) e a fertilização é feita naturalmente, com programação da data do coito sob monitoração ovulatória.
Doação de óvulos – um método utilizado quando a mãe é incapaz de produzir seus próprios óvulos.
Útero de aluguel – utilizado nos casos que a mãe não tenha útero (como as mulheres que passam por histerectomia por miomatose).
Fertilização por ICSI (Intra Citoplasmatic Sperm Injection) – indicado para infertilidade masculina. É um método utilizado também para mulheres com mais de 40 anos, que apresentem óvulos com zona pelúcida alterada (enrijecida).
PESA (Punção do Epidídimo) – também é indicado em casos de infertilidade masculina.