Manipulação é falha em farmácias de São Paulo

Cerca de 45% das 615 inspeções feitas em farmácias de manipulação da capital neste ano encontraram falhas. A Coordenação Municipal de Vigilância em Saúde da Capital (Covisa) autuou 278 locais e, entre os estabelecimentos multados, 122 tiveram de permanecer interditados até a resolução das irregularidades. A Prefeitura justifica as autuações a “práticas incorretas de manipulação, principalmente quanto aos medicamentos controlados, e à ausência de efetivo controle de qualidade”.

A técnica de manipulação de remédios, regulamentada há 70 anos no País, foi alvo de questionamentos nesta semana, quando veio à tona a suspeita de que um vermífugo teria intoxicado e matado pessoas em Minas Gerais. De acordo com a polícia, em meados de novembro, cerca de 180 cápsulas do medicamento metoprolol, um betabloqueador indicado para o tratamento de quadros de hipertensão, foram comercializadas pela farmácia Pharma Fórmula como vermífugos.

Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que a fiscalização às farmácias de manipulação é falha no País. Em São Paulo, apesar das autuações feitas pela Covisa, também há dificuldades no controle. Existem apenas 15 profissionais para inspecionar cerca de 600 lojas do gênero. Mas, para minimizar o risco de problemas, é possível tomar alguns cuidados.

A Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfamag), que representa as sete mil farmácias de manipulação existentes no País, afirma que a melhor maneira de evitar imprevistos é pedir para falar com o farmacêutico de plantão. “O paciente precisa se certificar de que o local tem um profissional capacitado para garantir que o medicamento seja preparado de acordo com o previsto”, afirma Ivan Teixeira, vice-presidente da instituição.

Segundo Hélder Francisco Garcia, da rede Unipharmus, que mantém 11 unidades na capital paulista, se uma loja não tiver um farmacêutico de plantão, não pode ser considerada confiável. “É nossa obrigação conferir a matéria-prima na hora em que chegam e acompanhar todas as etapas da produção, para evitar o risco de troca de produtos ou de contaminação”, afirma. “Um remédio em dose maior do que a receitada pode, sem dúvida, levar à intoxicação e até à morte.”

Os especialistas indicam algumas situações que devem ser observadas pelos pacientes na hora de adquirir um remédio manipulado. O estabelecimento não pode, por exemplo, estocar o produto. Farmácias de manipulação são obrigadas a preparar medicamentos exclusivamente sob encomenda, de acordo com norma baixada pelo Conselho Federal de Farmácias, em 2007.

É necessário, ainda, que o farmacêutico leia a receita diante do paciente e prepare o medicamento na hora, em uma quantidade específica, de acordo com as orientações indicadas na receita médica. Além disso, não é permitido a uma farmácia receber os medicamentos de outra e tampouco comercializar um produto sem antes submetê-lo a um rígido controle de qualidade.

Grande parte dessas orientações foi deixada de lado pelo estabelecimento acusado de fornecer os medicamentos que intoxicaram pacientes em Teófilo Otoni e Novo Horizonte, no Estado de Minas Gerais. Em primeiro lugar, a Pharma Fórmula fez um estoque do produto. Em seguida, na hora de colocar os rótulos nas embalagens, o anti-hipertensivo foi identificado como sendo secnodazol, uma substância indicada para combater verminose.

Em depoimento à polícia, o bioquímico Ricardo Henrique Portilho, dono da Pharma Fórmula, negou as acusações. Mas computares e receitas apreendidos no estabelecimento comprovaram que os pacientes atendidos com intoxicação haviam adquirido o medicamento trocado. Além disso, foram encontradas cápsulas de psicotrópicos, remédios controlados para os quais a empresa não tinha licença. As informações foram publicadas pelo Jornal da Tarde.

Sara Duarte

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