Manias: Euforia sem controle

Não importa o local onde se vive. Em qualquer um deles, os transtornos mentais podem estar presentes. Eles começam cedo, ainda na infância, e geralmente apresentam os mesmos estágios de desenvolvimento, não importando as condições econômicas ou o nível social do local da população. Assim, tanto nos países mais desenvolvidos quanto nos de terceiro mundo os desajustes emocionais persistentes podem progredir, lentamente, e se expressar de forma mais grave na idade adulta.

Conhecidas por transtornos do humor, as enfermidades em que existem alterações do humor, da energia ou ânimo e do jeito de sentir, pensar e de se comportar atingem mais de 20% da população em algum momento da vida. Em geral, se expressam entre 20 e 40 anos de idade e são duas vezes mais comuns em mulheres que em homens. Esses transtornos podem ter freqüência, gravidade e duração variáveis, oscilando ao longo da vida. Nas suas formas mais comuns, são conhecidos por depressão ou mania. Na depressão, a pessoa sente tristeza exagerada e desânimo e, na mania, nome usado para identificar uma fase da doença maníaco-depressiva, ocorre um aumento da energia e uma euforia anormal. Os sintomas de euforia e depressão podem variar de um paciente para outro e às vezes até mesmo para o próprio paciente.

Euforia e exaltação

Para o psiquiatra Dirceu Zorzetto Filho, as causas exatas desses transtornos são desconhecidas, mas, aparentemente, o fator genético é determinante, apesar de fatores ambientais poderem contribuir para o seu aparecimento. Ele explica que o termo mania pretende caracterizar o período do transtorno no qual o paciente não está deprimido, nem alegre ou feliz por algum motivo, mas com euforia e exaltação do humor. ?Um comportamento exageradamente pra cima, com um aumento de energia desproporcional ou sem relação com os acontecimentos da vida, é a principal característica da mania?, explica o especialista.

Durante a crise a pessoa se irrita facilmente e o fluxo das idéias fica acelerado. Além disso, acontecem mudanças importantes no comportamento, na saúde física e no raciocínio. ?A família e as pessoas à volta percebem claramente essas mudanças?, constata o médico. Invariavelmente, as vítimas das manias consultam, em média, 3 a 4 médicos, e muitas esperam mais de 5 anos para receber o diagnóstico correto. Zorzetto enfatiza que o reconhecimento precoce e a terapêutica adequada ajudam a evitar o tratamento incorreto ou parcial, além da fuga do paciente para o álcool ou outras drogas e, em casos mais graves, do risco de suicídio.

Sem referências

De acordo com os psiquiatras, devido aos sintomas da euforia, o indivíduo avalia a realidade de modo distorcido, achando sempre que o seu comportamento é o mais correto. Quando contrariado, irrita-se facilmente e provoca discussões e brigas. Durante um episódio maníaco, conforme Zorzetto, o paciente pode vir a perder as suas referências, prejudicando sua vida afetiva, social e profissional.

Quanto mais precoce o início da mania, mais sérios serão os prejuízos, principalmente, pela ruptura na vida social e estudantil. Os adolescentes que sofrem do distúrbio tendem a buscar outros grupos de amigos, já que a convivência com os antigos se torna mais difícil. O tratamento precoce traz a estabilidade necessária para que a pessoa recupere os estudos e resgate o relacionamento pessoal.

As manias e seus principais sintomas

* Irritabilidade, impaciência.

* Pensamentos acelerados, fala rápida e contínua.

* Sensação de riqueza, poder, grandeza, inteligência ou força exagerados.

* Distração, insônia, inquietação ou agitação física.

* Períodos de grande produtividade ou profusão de idéias.

* Gastos excessivos, endividamentos.

* Desinibição excessiva, comportamento provocativo.

* Aumento da libido ou erotização exacerbada.

* Em manias graves pode haver delírios e/ou alucinações.

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