Mamães recauchutadas após a gravidez

Voltar a ter as mesmas formas de antes da gravidez é um sacrifício enorme. As novas mamães não têm hora, nem limite de gastos.

A sua prioridade é cuidar do bebê recém-nascido, coisa que já faz nos nove meses da gravidez.

Depois do nascimento, a mulher recebe de volta seu corpo, mas nem parece que é mais seu.

Muitas se tornam infelizes com as mudanças. São as candidatas a uma plástica ou recuperação do corpo da mamãe, termo nos Estados Unidos batizado de mommy makeover.

Nos dias atuais e na cabeça de muitas novas mamães, o que antes era a expressão da própria natureza, hoje, é considerado deformidade. É mais ou menos assim, que estão sendo vendidas as cirurgias plásticas para o pós-parto.

A conduta pode ser atribuída aos padrões irredutíveis de beleza, da tecnologia e da cultura contemporânea, uma combinação que trata as mudanças biológicas como se fossem tão substituíveis quanto a cor do cabelo.Com efeito, revistas americanas e algumas brasileiras não perdoam as “mães celebridades” que não perdem imediatamente o peso ganho na maternidade.

Aquilo que parecia ser apenas “devaneios” de celebridades, passou a fazer parte da recuperação de mulheres comuns que querem, tanto lutar contra o impacto do envelhecimento quanto as modificações corporais da gravidez.

“O marketing tem caracterizado a gravidez e o parto como enfermidades, com efeitos desfigurantes que podem ser consertados com a ajuda de bisturis e cânulas”, observa o cirurgião plástico Ruben Penteado. A mensagem central da venda deste tipo de serviço é que, depois de ter filhos, o corpo da mulher muda para pior.

Reação do organismo

A “reforma da mamãe” se refere aos diversos procedimentos cosméticos, tipicamente uma dobra da barriga, uma redução de medidas, implantes de silicone e uma lipoaspiração.

De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, o índice de mamães que procuram tais procedimentos aumentou em 12%, aproximadamente. Só em 2006, médicos realizaram mais de 325 mil procedimentos desse tipo em mulheres de idade entre 20 e 39 anos, um aumento de 11% em relação a 2005.

Múltiplas gravidezes significam que o estômago das mamães foi esticado, depois encolhido e, novamente, esticado. A maioria das mulheres não consegue fazê-lo voltar ao normal se dedicando aos exercícios físicos ou dietas.

Além disso, esse “estica-e-puxa” compromete a elasticidade da pele. “Com mais idade, a pele vai perdendo mais elasticidade, em consequência, a ‘dobra’ da barriga se torna inevitável”, reconhece o cirurgião Paulo Roberto Gasparini. Na cirurgia, o médico remove a pele adicional e aperta os músculos abdominais, que foram enfraquecidos igualmente durante a gravidez.

Conforme Ruben Penteado, cada mulher reage de uma forma à gravidez e a idade e a genética influenciam o modo como o corpo se recupera. Algumas mulheres ficam com estrias devido à gravidez ou ao ganho de peso.

Outras, voltam a ter uma barriga lisinha e outras não, algumas retomam o peso que tinham antes de ter filho e outras não. “No entanto, não há anormalidade intrínseca aos seios ou ao abdome”, explica o cirurgião, esclarecendo que não há a necessidade ou a obrigatoriedade de se submeter a uma plástica após o parto.

Equilíbrio e ponderação

O especialista garante quem, ao contrário, somente depois de um ano após o parto, é recomendável a realização de qualquer procedimento estético.

“Qualquer cirurgia exige cuidados e durante o pós-operatório a mulher ficará com os movimentos limitados”, lembra o médico.

Ela não poderá realizar atividades simples como carregar, amamentar ou dar banho no bebê. “É preciso colocar na balança se este tipo de distanciamento do filho vale a pena”, pondera.

Se a decisão da mulher for a de faz,er a plástica, o médico não recomenda a sua realização no período de amamentação. “Os anestésicos utilizados podem passar para o leite materno, prejudicando o desenvolvimento e a disposição do bebê”, alerta, recomendando qualquer tipo de intervenção após seis meses depois de terminar o período de amamentação.

Outra preocupação é fazer uma pesquisa, investigando a especialização do médico e tirando todas as dúvidas que surgirem.

É importante decidir apenas pelos procedimentos que deseja fazer e discutir claramente suas expectativas perante a cirurgia.

No pós-parto, a mulher ainda sofre os efeitos da gestação: alterações hormonais, flacidez da pele, excesso de peso, inchaço. Como o contorno do corpo fica distorcido, o cirurgião plástico não consegue identificar o quanto do abdome precisa realmente ser reduzido. “Ou seja: nesse caso, os riscos do resultado da plástica não sair como o esperado são consideráveis”, reconhece Penteado.

Diante deste um impasse estético atual, o médico deve manter o equilíbrio e ponderar sobre as verdadeiras necessidades da mamãe. É bom lembrar que, neste período da vida, ela deve ter sua atenção e energias voltadas para uma pronta recuperação do parto, assim ela poderá se dedicar aos cuidados com o bebê e consigo mesma. “Procedimentos estéticos que comprometam esse ciclo da vida não podem nem devem ser cogitados”, completa o cirurgião plástico.

Estrias gestacionais

As estrias são respostas ao estiramento cutâneo. O que acontece é que as fibras elásticas e de colágeno que sustentam e que dão resistência à pele se rompem e depois formam uma cicatriz.

Além do crescimento rápido da barriga e dos seios (áreas onde normalmente são atingidas pelas cicatrizes), a multiplicação dos hormônios durante a gravidez são outro responsável pelo surgimento das estrias.

Mas os fatores que fazem com que as estrias apareçam não param por aí. A presença previa de estrias, o histórico familiar, pessoas de cor morena, ganho neonatal superior a 3 kg, fatores genéticos, fatores hormonais (ocorre aumento na produção de estrógeno e cortisona nas gestantes), são outros elementos que contribuem para o aparecimento das estrias.

As estrias gestacionais são diferentes daquelas que aparecem comumente nas laterais das coxas e glúteos. Elas podem ser avermelhadas no início e depois brancas e podem ser finas (até 0,5 mm) ou largas (mais de 0,5 mm).

A boa notícia é que existem tratamentos que dão resultados muito efetivos no tratamento contra as estrias, confira dos procedimentos médicos e apenas os médicos devem realizá-los, indicando o que for melhor de acordo com cada caso, explica a dermatologista Carolina Ferolla.

Tratamento com ácidos – alguns tipos de ácidos, especialmente o ácido retinóico, estimulam a formação de tecido colágeno, melhorando o aspecto das estrias. Peelings – eles têm a mesma ação dos ácidos, no entanto, de uma forma mais acelerada e intensa, geralmente levando a um melhor resultado.

Subcision e Intradermoterapia – tratamentos realizado com injeções ao longo e sob as estrias de substâncias que provocam uma reação do organismo estimulando a formação de colágeno nas áreas onde as fibras se degeneraram.