Malhação contra o diabetes

A capacidade cardiorrespiratória, definida como a condição que uma pessoa tem de captar, transportar e utilizar o oxigênio na produção de energia para manter a vida, tem contribuição decisiva na prevenção de complicações do diabetes do tipo 2 – que aparecem antes mesmo de haver alteração nos níveis de glicemia no sangue, entre 80 e 110 mg/dl. A conclusão veio em forma de tese de doutorado defendida pela endocrinologista Silmara Leite, do Centro de Diabetes Curitiba (CDC), na Escola Paulista de Medicina.

Para confirmar a tese, a médica acompanhou 418 voluntários sedentários por cinco anos e comprovou que as pessoas com tal deficiência cardiorrespiratória desenvolveram diabetes com maior freqüência. Silmara explica que o oxigênio precisa se juntar com a glicose para produzir energia. Dessa forma, quando está se medindo a capacidade de utilização do oxigênio, indiretamente é possível medir também a capacidade de utilização de glicose. ?O diabetes ocorrerá quando as taxas de glicose estiverem em excesso no sangue ou no caso de alguma deficiência na utilização dela?, ressalta.

Melhor que dieta

Os voluntários acompanhados no projeto eram filhos de diabéticos preocupados em acompanhar a evolução da doença. A intenção também era encontrar um marcador clínico que pudesse avaliar se eles iam ou não desenvolver a doença. A pesquisa de Silmara Leite identificou que o exercício físico é um facilitador do consumo de glicose, por isso ajuda a poupar insulina e prevenir o diabetes. Essa constatação levou a endocrinologista a afirmar que o exercício físico é mais importante na prevenção do diabetes se comparada às dietas para reduzir o açúcar de pessoas propensas a desenvolver a doença.

De acordo com a médica, a relevância clínica desses resultados está no fato de se obter por meio de um exame complementar, como o teste de esforço completo (a espiroergometria), esse marcador diretamente relacionado à predisposição para diabetes ? mesmo com os níveis de glicemia no sangue dentro dos padrões considerados normais. ?Esse tipo de exame é uma forma de avaliação objetiva dos indivíduos predispostos a desenvolver a doença, de maneira precoce, para desenvolver estratégias de prevenção das complicações de forma mais efetiva?, constata.

A tese de doutorado integrou parte de projeto de intercâmbio internacional da Escola Paulista de Medicina e do International Diabetes Center ? entidade de educação e cuidados com o diabetes, do qual o CDC é uma extensão no Brasil. Agora, o trabalho será enviado para publicação em revistas médicas internacionais especializadas no tema.

Números do diabetes

O Brasil tem cerca de 5 milhões de portadores de diabetes. Destes, 50% são vítimas da desinformação. Realizam o diagnóstico da doença tardiamente e, quando dão início ao tratamento, apresentam graves complicações que podem evoluir para amputações, cegueira, problemas renais e cardiovasculares. Cada uma delas contribui para que a doença seja a quarta causa de morte no mundo.

Sem contar que o diabetes é uma das doenças mais custosas ? em termos humanos e econômicos. Dados da Federação Internacional de Diabetes apontam que 6% do total do orçamento da saúde de nações economicamente desenvolvidas é gasto com o tratamento dos portadores de diabetes.

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