Hoje é o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, uma enfermidade degenerativa que afeta o cérebro, comprometendo a memória, o pensamento e o comportamento. No Brasil, o problema atinge cerca de 1,2 milhão de pessoas e se caracteriza pela morte progressiva dos neurônios (células nervosas do cérebro).
A Associação Brasileira de Alzheimer estima que 5% das pessoas com mais de sessenta anos de idade venha a desenvolver a doença. Essa percentagem aumenta progressivamente a partir dos 70 anos. A população brasileira nesta faixa etária soma 14,5 milhões de pessoas.
A doença pode atingir pessoas de ambos os sexos. Inicialmente, o paciente começa a esquecer coisas rotineiras, como números de telefone. Depois, esquece de coisas consideradas importantes, como por exemplo o pagamento de contas. Com a evolução e o não-tratamento, os pacientes deixam de reconhecer familiares e não lembram do próprio endereço. A memória do passado é mantida, mas a pessoa deixa de arquivar fatos recentes. “A perda de memória também é característica de outras doenças, como disfunções de tireóide, depressão e déficit de vitaminas”, explica a médica neurologista do Hospital Vita, de Curitiba, Flávia do Rocio Folador. “Para que o mal de Alzheimer seja tratado, é necessário que o problema seja diagnosticado corretamente, através de exames laboratoriais.”
Até alguns anos atrás, não havia medicamento para o controle da doença. Os pacientes só usavam remédios que amenizavam alguns sintomas, como agressividade e falta de sono. Atualmente, existem no mercado cinco medicamentos capazes de evitar a evolução do problema.
Não há como prevenir a enfermidade. Porém, outra forma de evitar a evolução é a manutenção de atividades intelectuais. Os médicos normalmente aconselham os pacientes com Alzheimer a fazerem palavras-cruzadas, lerem jornais, livros e revistas e executarem atividades físicas. Uma alimentação saudável também é importante.
SUS
Em abril de 2002, o Ministério da Saúde lançou a Portaria 703, que regulamentou o atendimento do mal de Alzheimer pelo Sistema Único de Saúde (SUS), criando um programa de assistência aos portadores da doença. A portaria garante que os pacientes tenham direito a acompanhamento médico especializado, atendimento hospitalar, orientação, acompanhamento de equipe multidisciplinar e medicamentos gratuitos.
Porém, estima-se que nem 2% do universo de pessoas vítimas da doença estejam recebendo atendimento pelo SUS. “Se a portaria estivesse efetivamente funcionando, isso seria maravilhoso aos idosos. Entretanto, ela não funciona devido a uma série de burocracias, interesses políticos e privados”, comenta Flávia. (Cintia Végas)
Apoio da família é fundamental
O aposentado Antônio Senter, de 75 anos, começou a manifestar os primeiros sintomas de Alzheimer há dois anos. Sua nora, Rosalinde Senter, conta que ele tinha alucinações, uma característica considerada pouco comum da doença. “Ele via algumas coisas e, em princípio, achamos que ele tinha algum problema de visão”, revela.
No final do ano passado, Antônio começou a se perder ao sair de casa e a doença foi diagnosticada. A família teve dificuldades para interná-lo e conseguir medicamentos gratuitos, o que fez com que a enfermidade continuasse a progredir. “Tivemos muita dificuldade para conseguir assistência médica e remédios, que são bastante caros.”
Atualmente, Antônio está medicado, mas freqüentemente deixa de reconhecer familiares e não sabe ao certo onde está. “É uma doença bastante difícil. Porém, Antônio teve muito apoio dos filhos. Depois que a doença foi diagnosticada, a união de nossa família em torno de meu sogro passou a ser muito grande”, conta Rosalinde. (CV)