Já vai longe o tempo em que ser idoso implicava em ficar fechado em casa, esperando a vida passar pela janela. Hoje em dia, e cada vez mais ? já que a expectativa de vida vem aumentando seguidamente ? a dita terceira idade pode e deve ser vivida com o corpo e a mente em perfeita saúde. A qualidade de vida a ser vivenciada nessa fase é influenciada pelos hábitos das pessoas, já que o envelhecimento se dá ao longo de toda essa trajetória.
Os fatores genéticos e hereditários, a influência do meio ambiente, os hábitos de vida e os comportamentos influenciam o envelhecimento. Com o passar do tempo ocorrem várias transformações que devem ser aceitas com naturalidade, mas que implicam na adaptação das pessoas às novas situações. Para o geriatra Gilmar Calixto, as principais recomendações para que a idade não interfira na qualidade de vida são manter o peso sob controle e o colesterol em níveis aceitáveis. ?Além disso, consultar um médico periodicamente e realizar exames de rotina fazem parte das recomendações?, comenta.
Atividade física
Uma alimentação equilibrada também influencia na manutenção da saúde, promovendo energia, vitalidade e diminuindo os riscos de aterosclerose, doenças cardiovasculares e câncer. O geriatra sugere uma dieta rica em frutas, vegetais e cereais. ?Alimentos gordurosos pedem moderação, assim como não se deve abusar de doces nem do sal?, recomenda.
Para o geriatra Luiz Bodachne, praticar atividades físicas é meio caminho andado para alcançar o bem-estar. ?O exercício proporciona qualidade de vida e autonomia?, atesta. Assim, uma vida sedentária pode ser o pior inimigo da terceira idade. O especialista alerta, no entanto, para as atividades realizadas de maneira indiscriminada e sem orientação, que podem causar danos à saúde, podendo, inclusive, levar à morte.
Outra lembrança de Bodachne enfoca o conceito de que não se pode estocar a atividade física, isso é, ao abandonar os exercícios, todo o tempo despendido com eles anteriormente perde a sua finalidade, não apresentando efeito cumulativo. ?Exercício é como um investimento: quanto mais, melhor; deixou de investir, o capital vai gradativamente perdendo o valor?, compara.
É certo que o processo de envelhecimento é inevitável e que a ele surgem associadas algumas patologias. Os movimentos tornam-se mais lentos, os reflexos menos rápidos, o andar menos seguro. A mobilidade e a flexibilidade vão sendo afetadas com o passar dos anos, uma fragilidade que permite o avançar de doenças como a osteoporose e as relacionadas com o coração.
Alimentação
Contudo, mesmo que envelhecer seja uma fatalidade, nada impede a busca pela qualidade de vida na terceira idade. Qualidade de vida, não no sentido econômico, mas de saúde e bem-estar. E um dos passaportes para viver melhor a fase mais avançada da vida é a adoção de um estilo de vida saudável, o que passa também por uma alimentação equilibrada.
Luiz Bodachne lembra que não existe um tipo de alimentação específica para a pessoa idosa. Uma alimentação equilibrada, segundo padrões internacionais, deverá ser constituída de 55% de carboidratos, 30% de lipídios e 15% de proteínas, além de vitaminas e sais minerais, variando de acordo com as peculiaridades de cada faixa etária. ?Normalmente, na dieta do idoso, há uma diminuição do valor calórico total ? em média, 1.600 calorias aos 65 anos?, esclarece o geriatra.
O envelhecimento populacional determina problemas de aspectos médico, social e econômico, não só nos países desenvolvidos, onde o número de pessoas idosas é significativo, como em países em desenvolvimento, como o Brasil. Para Luis Bodachne, devemos estar preparados para enfrentar uma realidade com a qual devem se familiarizar os profissionais das áreas sociais e de saúde.
Princípios gerais da alimentação em idosos
Equilíbrio ? A alimentação deve contemplar diversos componentes, como carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas.
Redução ? Diminuir a quantidade em cada refeição, podendo aumentar o número delas.
Variação ? Para estimular o apetite deve-se mudar a sua apresentação, evitando a anorexia ? doença comum em idosos.
Digestão ? Escolher alimentos de fácil digestão, com consistência mais branda, pastosa ou semilíquida.
Moderação ? Ingerir moderadamente substâncias que estimulam o sistema nervoso, como café e álcool.
Fracionamento ? Pode-se atingir até seis refeições diárias, em pequenas quantidades.
Líquidos ? Ingerir água nas quantidades ideais (em média, um litro e meio ao dia).
Fibras ? Para melhorar o sistema intestinal é ideal a ingestão de alimentos ricos em fibras.
