Livres do risco do cigarro em ambientes fechados

O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas acaba de concluir estudo de avaliação do impacto da Lei que garante ambientes livres de tabaco.

A pesquisa, realizada em parceria com a Vigilância Sanitária, concluiu que o banimento do cigarro em ambientes fechados traz melhora incontestável para a saúde de frequentadores e funcionários, inclusive fumantes, de bares, restaurantes e casas noturnas.

Desde a implementação da lei, a concentração de monóxido de carbono, um dos principais componentes da fumaça do cigarro, caiu de 5 partes por milhão (ppm) para 1ppm.

Isso equivale a sair de um período de horas parado em um túnel congestionado de carros, numa capital poluída como São Paulo, para o ar respirado em um parque arborizado, compara Jaqueline Scholz Issa, cardiologista e coordenadora da pesquisa do Incor. Em ambientes parcialmente fechados e abertos, a Vigilância Sanitária registrou, na primeira medição, respectivamente 4 ppm e 3 ppm.

Na segunda medição, três meses depois, esses mesmos locais apresentaram registros médios de apenas 1 ppm de CO no ambiente. “Os resultados enterram de vez o conceito do fumódromo até mesmo em locais parcialmente fechados. Não há ambiente seguro para o ser humano com qualquer concentração de fumaça do cigarro no ar”, adverte a pesquisadora do Incor.

Impacto positivo

Os pesquisadores fizeram a medição do nível de monóxido de carbono em 710 casas noturnas, bares e restaurantes da cidade de São Paulo, antes e depois de a lei entrar em vigor.

Nesses dois momentos, além da poluição ambiente pela fumaça do cigarro, também foram medidos os níveis de monóxido de carbono expirados por funcionários desses estabelecimentos -cerca de 200 tabagistas e 200 não-tabagistas.

Os primeiros resultados do estudo foram analisados ao final de três meses de vigência da lei. Ao final de 12 meses, ou seja, em agosto de 2010, o estudo trará o impacto da lei sobre o número de mortes e internações por infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

O estudo concluiu que a melhora da qualidade do ar impacta positivamente na saúde até mesmo dos frequentadores fumantes. Na medição antes de a lei entrar em vigor, o ar expelido por garçons fumantes apresentou nível médio de 14 ppm de monóxido de carbono – extremamente danoso para a saúde cardiovascular.

Algumas semanas depois, esses mesmos indivíduos submetidos ao mesmo exame apresentaram média de 9 ppm. Para garçons não-fumantes, o impacto positivo é ainda maior – passaram de um índice de 7 ppm para 3 ppm.

O trabalho do Incor utiliza a variável biológica, o monóxido de carbono, como indicador de redução de risco de exposição ambiental à fumaça do cigarro, explica a cardiologista.

“Os estudos mundiais fazem apenas inferência entre o banimento do cigarro em lugares fechados e a diminuição da incidência de mortes e internações por infarto na população”, ressalta.

Nos paises em que a lei vigora há mais tempo, houve redução de 10% a 30% no número dessas mortes e internações. Esse é o resultado que a equipe de pesquisadores do Incor espera encontrar também, na segunda fase do estudo, que deve terminar em agosto de 2010. A expectativa é de que o mesmo ocorra em outras cidades brasileiras, onde os pesquisadores iniciaram estudo idêntico.

O coração sofre

No organismo humano, o monóxido de carbono concorre com o oxigênio – isso significa menor oxigenação do sangue, células e tecidos e, consequentemente, maior oxidação no organismo.

Aos poucos, essa condição metabólica acelera o envelhecimento do endotélio, que é a camada de células que formam a parede de vasos e artérias do corpo humano.

Em um processo em cascata, surgem inflamações e obstruções dessas vias de passagem do sangue no organismo, que, nessa condição, não conseguem alimentar de oxigênio e nutrientes as células, te,cidos e órgãos do corpo humano.

Esse processo de envelhecimento acelerado dos vasos é conhecido como aterosclerose e sua evolução leva à ocorrência de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral, além de trombose em membros diversos.

Limpeza passo a passo

* Ao parar de fumar, em apenas 20 minutos o pulso volta ao normal

* Após oito horas, o nível de oxigênio no sangue aumenta

* Em 24 horas, o pulmão
fica mais limpo

* Depois de dois dias, o paladar e o olfato melhoram sensivelmente, além de a respiração e o nível de energia terem uma melhora considerável

* Depois de duas semanas a três meses, o sistema imunológico fica mais ativo.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo