Uma pesquisa feita com 820 psiquiatras de todas as regiões do País indicou que o lítio é a medicação mais prescrita pelos entrevistados em todas as fases do tratamento do transtorno bipolar do humor. O estudo foi coordenado pela psiquiatra Ana Claudia de Almeida Taveira, do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo. É a primeira vez que uma pesquisa deste gênero é desenvolvida no Brasil. Do total de pesquisados, 76% disseram que adotam o lítio como primeira opção na prevenção de recaídas do transtorno, 56,1% no tratamento da fase de mania (euforia) e 43,6% na fase depressiva. O lítio é utilizado há mais de 50 anos no tratamento do transtorno bipolar.
O distúrbio, antes denominado psicose maníaco-depressiva, caracteriza-se por mudanças bruscas de humor, que oscila entre fases de depressão, euforia ou agitação e períodos de normalidade. Segundo a pesquisadora, mais de 80% dos psiquiatras ouvidos pela pesquisa acreditam que o lítio é um medicamento seguro e de fácil manejo. Os antipsicóticos foram a segunda escolha dos entrevistados no tratamento da mania, superando os anticonvulsivantes. Os antidepressivos foram a segunda medicação mais utilizada nos episódios depressivos.
Além de identificar os estabilizadores do humor preferidos no Brasil para tratar o transtorno bipolar, os autores procuraram saber a opinião dos psiquiatras sobre a litioterapia. As principais vantagens da medicação apontadas foram: fácil manejo, disponibilidade na rede pública de saúde (SUS) e baixo custo. Além disso, o lítio é a medicação mais estudada para o transtorno bipolar, com maior número de artigos científicos provando sua eficácia. Outras vantagens citadas na pesquisas dão conta de que o medicamento trata todas as fases da doença e protege os neurônios contra a degeneração.