Lição de casa para todos os pais

O período escolar está prestes a começar. As crianças começam a deixar de lado os divertimentos da temporada de praia, as infindáveis brincadeiras com os amigos e a preguiça natural desse período.

Muitas vezes esse retorno traz bastante incômodo e preocupação para o lado dos pais, já que o período é marcado por sentimentos de preocupação com a segurança e a saúde dos pimpolhos. Esses fatores ao multiplicados quando a criança passa a freqüentar a escola pela primeira vez.

De acordo com os educadores e especialistas, ao contrário do que possa parecer, a tranqüilidade da criança no primeiro dia de aula não depende exclusivamente dela, mas das atitudes dos pais. “Muitas vezes eles ficam com medo de deixar a criança na escola, e, sem querer, essa insegurança é transmitida para os filhos”, explica o psicólogo Marcos Meier.

A psicóloga Beth de Castro sugere que, para minimizar os efeitos da síndrome dos primeiros dias de aula, uma boa alternativa é envolver a criança no processo que precede a sua iniciação escolar, desde a compra do uniforme à arrumação do material até a preparação do lanche.

Uma boa idéia é mostrar fotos da infância dos irmãos ou mesmo dos pais no ambiente do colégio. “Ela vai perceber que o pai e a mãe também já passaram por isso e vão se sentir mais seguros”, avalia a terapeuta.

Além do problema do primeiro dia de aula, outro motivo de preocupação são as mudanças de escola, situação cada vez mais comum nesta fase. Nesse caso, o problema pode ser mais complicado de se resolver, pois a criança é retirada de um ambiente onde já está adaptada.

Segundo Marcos Meier, a solução é preparar a criança, exaltando os pontos positivos do novo colégio, como os novos amigos, a nova professora e quais atividades serão realizadas, mostrando as vantagens da troca.

Aliadas a essas preocupações, os pais devem estar atentos para algumas questões relacionadas à saúde dos pequenos, que podem interferir nas questões de aprendizado. Enumeramos a seguir alguns lembretes que podem contribuir para que o período escolar só traga lembranças saudáveis para a criança.

Ver melhor

Pesquisas mostram que 85% do aprendizado infantil se faz por meio da visão, contudo, apenas uma pequena parcela das crianças se submete a algum tipo de avaliação oftalmológica em idade escolar.

“Os defeitos de visão não corrigidos contribuem para um déficit do aproveitamento escolar e dificultam a socialização, comprometendo o aprendizado e influenciando negativamente a criança nas suas atividades normais”, constata o consultor ótico Eric Gozlan.

O início do ano letivo é uma época ideal para que pais – com ajuda dos professores – fiquem atentos aos problemas de visão, que tanto prejudicam o desempenho escolar das crianças.

Dados do último censo escolar, realizado pelo Ministério da Educação, apontam que mais de 50 mil estudantes brasileiros apresentam baixa visão e perto de dez mil alunos possuem graus elevados de comprometimento visual. Os especialistas afirmam que os problemas de visão estão entre as principais causas de evasão e reprovação escolar no Brasil.

Porta-tudo

Apesar de ser essencial para carregar diversos livros e cadernos, a mochila é um acessório que pode se tornar perigoso quando usado com muito peso, o que pode ocasionar diversas lesões musculares, problemas crônicos de má postura e até levar a desvios posturais graves como a escoliose acentuada, hiperlordose, hipercifose e sérios problemas de crescimento ósseo, o que coloca em risco o desenvolvimento da criança.

Conforme os especialistas, uma criança só pode carregar 10% do seu peso. Os pais devem ficar atentos para qualquer reclamação dos filhos. Ao primeiro sinal de dor devem levá-lo ao médico especialista para uma melhor avaliação. Vale também acompanhar se o que ele leva na mochila é realmente essencial para as tarefas daquele dia.
<,br />Lancheira saudável

A obesidade infantil está se tornando uma questão de saúde pública, razão pela qual é cada vez mais importante controlar e supervisionar a comida que as crianças levam à escola.

Para evitar a doença, atualmente considerada uma epidemia global, é imprescindível criar hábitos saudáveis logo cedo.

Os pais também devem ter consciência de que os lanches não substituem uma refeição completa e que eles devem estimular seus filhos a manter uma alimentação equilibrada.

Estudos apontam que o lanche na escola deve suprir cerca de 15% das necessidades diárias de uma criança – em média, cerca de 350 calorias – dentro da faixa etária dos 6 ao 14 anos de idade.

Por isso, o ideal é o lanche contemplar um equilíbrio de nutrientes. “Os pais devem optar por alimentos mais saudáveis como os cereais, frutas, verduras e alimentos ricos em proteínas como o leite, queijo ou iogurte”, alerta a nutricionista Cristiane Azevedo.

Transporte seguro

Uma preocupação a mais para pais e responsáveis é com o transporte escolar. Por isso, ao contratar tal serviço alguns itens devem ser verificados, como o estado de conservação, cintos de segurança para todos os passageiros, a habilitação do condutor e a devida licença municipal para atuar no segmento. Não confie em veículos que não estão em boas condições de conservação.

Conforme a ONG Criança Segura, os erros mais comuns cometidos pelos pais no transporte de crianças, são a utilização de cadeiras impróprias para a idade e tamanho, cadeiras voltadas para o movimento do carro, instaladas no banco da frente ou não fixadas com segurança, entre outros. A recomendação é uma só: crianças só no banco de trás, portas travadas e vidros sempre fechados.

Ouvir tudo

O barulho ensurdecedor, reclamação de muitos professores, não é só um jeito exagerado de se referir ao incômodo.

Com o passar do tempo, aluno e professor, expostos diariamente a sons altos, podem ter a audição comprometida.

No ambiente escolar, a gritaria da turma, somada aos ruídos que podem vir da rua, prejudica o bem-estar de todos, comprometendo não só a concentração e a aprendizagem, mas também os ouvidos.

O problema pode começar ainda nas creches e na pré-escola, com a gritaria dos pequenos durante jogos e brincadeiras de turma. Se pessoas com boa audição são prejudicadas com tanto barulho na escola, imagine um aluno que já sofre de perda auditiva.

“Ouvir o professor com tanto ruído ao redor é difícil, mas a tarefa torna-se impossível para uma criança com problemas de surdez”, avalia a fonoaudióloga Isabela Gomes. Os pais devem levar seus filhos para uma avaliação antes mesmo que a criança passe a frequentar a escola.

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